As autoridades de saúde registaram no ano passado 190 casos de mutilação genital feminina, um aumento de 24% relativamente ao período homólogo, e em mais de metade ocorreram complicações, segundo a Direção-Geral da Saúde.
Em 2019, chegaram ao conhecimento dos profissionais de saúde e das autoridades nacionais 129 casos. Em 2020, ano de pandemia viral, o número desceu para os 101. A primeira sentença condenatória em território português tem menos de um mês.
As estimativas revelam um aumento na União Europeia do número de meninas oriundas de países com mutilação genital feminina (MGF) em risco de serem sujeitas à prática, segundo o Instituto Europeu para a Igualdade de Género.
Os profissionais de saúde detetaram 101 casos de mutilação genital feminina em 2020, num ano em que os serviços foram afetados pela pandemia, mas mesmo assim prosseguiram sensibilizados para este crime, que obteve recentemente a primeira condenação em Portugal.
Rugui Djaló, cidadã guineense residente em Portugal, foi hoje condenada, no Tribunal de Sintra, a uma pena de três anos de prisão efetiva pelo crime de mutilação genital da sua filha.
Profissionais de saúde da região de Lisboa registaram 129 casos de mutilação genital feminina em 2019, o dobro em relação a 2018, quando foram conhecidos 64 casos, revelou hoje o secretário de Estado da Saúde, António Sales.
Apesar do progresso significativo na eliminação da mutilação genital feminina nos últimos 30 anos, 200 milhões de raparigas e mulheres vivas actualmente sofreram mutilação genital, e 4 milhões estão em risco este ano.
Mais de quatro milhões de raparigas estão em risco de sofrer mutilação genital este ano e o número pode ultrapassar os 60 milhões até 2030, alertaram hoje as Nações Unidas e a Organização Mundial de Saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para os custos da Mutilação Genital Feminina na saúde física e mental das mulheres e meninas, mas também dos recursos económicos de um país.
A prática da mutilação genital feminina (MGF) poderia ser erradicada em cinco anos, se a causa conseguisse angariar financiamento para lançar uma campanha global, disse à Lusa Jaha Dukureh, que hoje recebe no parlamento português o Prémio Norte-Sul.
As Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) sinalizaram duas meninas vítimas de mutilação genital em 2018, havendo já registo de outros dois casos este ano, o que poderá justificar a retirada destas crianças às famílias.