“Faltam cerca de 40% dos lugares que seriam candidatáveis”, afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães. Segundo um despacho publicado em Diário da República, o Ministério da Saúde vai abrir 503 vagas para o concurso dos mais de 700 médicos recém-especialistas que concluíram internato há dez meses.

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O bastonário dos Médicos considera que o facto de “apenas terem aberto 60% das vagas” significa que “os recém-especialistas já deram um outro rumo à sua vida”.

Ou foram para o setor privado ou emigraram ou então “o Ministério da Saúde cometeu a imprudência de permitir que hospitais com influência política contratassem diretamente os médicos”, comentou Miguel Guimarães.

Segundo o representante dos médicos, “há vários hospitais em situação crítica”, como Beja, Faro ou Vila Real, para os quais não tem havido permissão de contratar clínicos diretamente, sem autorização da tutela.

Bastonário pede explicações

O bastonário exige que o ministro da Saúde dê explicações sobre esta diferença entre as vagas abertas e os recém-especialistas que concluíram internato no ano passado.

Caso tenham sido contratados diretamente por hospitais, Miguel Guimarães quer saber quantos e que hospitais tiveram autorização para contratar diretamente esses jovens médicos.

“Depois de o ministro dar explicações, a Ordem tem condições para avançar para uma auditoria à contratação direta de médicos” se for esse o caso, indicou.

O ministro da Saúde admitiu já que a diferença entre as vagas para concurso e o número de especialistas que concluiu o internato pode estar relacionada com o facto de alguns profissionais terem já sido contratados diretamente pelas unidades de saúde.

“Alguns médicos terão sido contratados, entretanto por razões de imperativa necessidade”, afirmou o ministro Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas no final da comissão parlamentar de Saúde.

A Ordem dos Médicos diz ainda que vai “monitorizar vaga a vaga” se os lugares agora abertos são ocupados, para verificar qual o volume de médicos que acabou por desistir de esperar pelo concurso, que demorou mais de 10 meses a ser aberto após a conclusão do internato.