“Conheço o desgaste pessoal e coletivo, esta sensação por vezes de perda de sentido que se instalou, a sensação profunda de passarmos de uma crise para outra”, admitiu o Presidente francês.
Macron lembrou que tem feito esforços para resolver a crise no sistema de saúde francês, com medidas como a abolição do “numerus clausus” que limitava o número de estudantes de medicina, ou a legislação que, perante a pandemia de covid-19, permitiu injetar anualmente 12 mil milhões de euros para melhor remunerar os cuidadores e 19 mil milhões para investir nos hospitais.
Contudo, na campanha eleitoral do ano passado, Macron reconheceu que os esforços do seu Governo eram insuficientes e fez da saúde uma das prioridades para o seu segundo mandato.
Recordando que a formação de novos médicos pode demora, o Presidente avisou que será preciso “viver os próximos anos” com a atual escassez de cuidadores, pelo que antecipou soluções para colmatar as carências por outros meios, libertando “o tempo do médico perante os doentes”.
Macron prometeu “acelerar o recrutamento de médicos assistentes”, criado em 2018, para passar dos cerca de 4.000 novos médicos anuais, atualmente, para 10.000 até ao final de 2024.
Ao mesmo tempo, o Presidente francês assegurou que, a partir do final deste ano, todos os doentes com doenças crónicas sem médico assistente receberão um.
Num raro comunicado de imprensa conjunto, a Ordem dos Médicos e os sindicatos dos médicos delinearam, na quinta-feira, na véspera dos anúncios de hoje do Presidente, a sua linha vermelha, garantindo que se irão “opor a um sistema de saúde a várias velocidades”, que alegam não respeitar o papel dos cuidadores.
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