19 de junho de 2013 - 10h25
Um livro sobre a vida e a obra pública do médico antifascista Louzã Henriques, da autoria de Manuela Cruzeiro e Teresa Carreiro, vai ser apresentado em Coimbra, no sábado, anunciou hoje a editora.
Intitulado "Manuel Louzã Henriques - Algures Com Meu(s) Irmão(s)", a obra tem quase 500 páginas e "foi escrita a muitas mãos", disse Manuela Cruzeiro à agência Lusa.
"Este livro é uma celebração da amizade", adiantou a antiga investigadora do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, onde foi responsável pelo projeto de História Oral, tendo entrevistado algumas das principais figuras da Revolução do Cravos, o que resultou na publicação de diversos volumes.
Trata-se, segundo a coautora Teresa Carreiro, de "um trabalho muito fiel ao que ele é", uma obra que resume dezenas de "conversas irrepetíveis" com Louzã Henriques.
[Louzã Henriques] “tem sempre a preocupação de semear e abrir portas", adiantou à Lusa, admitindo que foi necessário convencer o psiquiatra, que completa 80 anos em setembro, militante do PCP desde a época em que frequentava a Faculdade de Medicina de Coimbra, da importância de editar este livro.
"Confrontaste-nos repetidamente com obstáculos epistemológicos que a nossa paciente determinação transformou em outros tantos desafios. Antes de mais, a tua proverbial aversão a veres as tuas palavras aprisionadas ", recordam as autoras, numa introdução dirigida ao protagonista do trabalho.
Editado pela Lápis de Memórias, o livro divide-se em "duas partes fundamentais": o texto das entrevistas ao médico e etnólogo, com raízes na serra da Lousã, e 36 "testemunhos de amigos de uma vida", além de dois depoimentos de familiares, revelou Manuela Cruzeiro.
"É um livro em espelho: tu falas deles, eles de ti. E talvez essa imagem refletida no olhar dos outros seja a mais autêntica que possamos ter de nós mesmos", explicam as investigadoras no texto de abertura.
Membro da República Palácio da Loucura, nos tempos de estudante, Manuel Louzã Henriques esteve várias vezes preso por razões políticas, durante a ditadura fascista.
Nasceu no Coentral, concelho de Castanheira de Pera, mas tem fortes ligações à Lousã, de onde era natural seu pai, Diamantino Henriques, emigrante nos Estados Unidos da América, em cuja propriedade a Câmara da Lousã construiu o Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques, acolhendo coleções únicas, designadamente de arados, cangas e carros de bois, que pertencem ao patrono.
A apresentação do livro, no sábado, às 16:00, caberá a João Santos Cardoso, amigo de Louzã Henriques e antigo vereador da CDU na Câmara Municipal de Coimbra.
A sessão, no auditório do Conservatório de Música da cidade, inclui música ao vivo e declamação de poesia.
Lusa