No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Espirometria, hoje assinalado, especialistas lançam a segunda versão do livro interativo “O Médico de Família e a Avaliação da Função Respiratória na DPOC”.

O livro é destinado aos médicos especialistas de medicina geral e familiar como uma ferramenta atual, interativa e de fácil utilização, com o objetivo de estimular o diagnóstico e tratamento precoces da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e assim atrasar a progressão da doença e a deterioração da qualidade de vida dos doentes com esta patologia.

A segunda versão interativa do livro “O Médico de Família e a Avaliação da Função Respiratória na DPOC” é uma iniciativa desenvolvida por médicos pneumologistas e visa fazer uma atualização informativa de acordo com a última revisão das recomendações globais de prevenção, diagnóstico e tratamento da DPOC (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease - GOLD 2011).

“Esta atualização traz uma nova perspetiva para a definição de gravidade da DPOC, enquanto a versão anterior, recomendava que o diagnóstico dependesse apenas do resultado da espirometria (exame que mede o volume de ar dentro do pulmão), que se refletia num subdiagnóstico da doença, principalmente nas suas formas menos graves”, a nova versão “para além da espirometria, o diagnóstico inclui também a análise dos sintomas e histórico das crises de falta de ar e tosse (exacerbações)”,  explicam os autores.

A DPOC atinge cerca de 15 por cento dos portugueses acima dos 40 anos e a Organização Mundial de Saúde estima que mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo sofram desta doença. A DPOC é uma das principais causas de morbilidade e de mortalidade em todo o mundo.

Antevê-se que a DPOC aumente nas próximas décadas devido à exposição continuada a fatores de risco da doença e ao envelhecimento global da população. A DPOC tem igualmente um peso económico significativo pelas hospitalizações frequentes a que pode estar associada devido às agudizações da doença.

A DPOC caracteriza-se por falta de ar, tosse e aumento da produção de expetoração, impedindo as pessoas de realizarem tarefas diárias banais como, por exemplo, conduzir ou subir escadas, fazer a cama ou vestirem-se. Com a progressão da doença, a falta de ar manifesta-se até durante os períodos de descanso. 

A atualização da versão do livro “O Médico de Família e a Avaliação da Função Respiratória na DPOC” foi estimulada pela recente atualização das guidelines da iniciativa global para a prevenção, diagnóstico e tratamento da DPOC (GOLD 2011). “O enorme aumento da mortalidade por DPOC e a ideia errada de que esta era uma doença progressiva, irreversível e não tratável foram algumas das evoluções responsáveis pela revisão das guidelines”, afirmam os especialistas.

O tratamento farmacológico da DPOC permite reduzir os sintomas, a frequência e a gravidade das exacerbações, melhorando o estado de saúde do doente e a tolerância ao exercício físico. A atualização das guidelines destaca os medicamentos anticolinérgicos de longa duração de ação (LAMA), por terem demonstrado eficácia inequívoca na redução significativa do risco das exacerbações e melhoria dos sintomas de DPOC, sendo o tratamento de manutenção para a DPOC, mais prescrito a nível mundial. 

“Quem tem mais de 40 anos e apresente apenas um dos sintomas relacionado com a DPOC, como tosse crónica, expetoração, falta de ar, história de exposição a fatores de risco ou história familiar, tem indicação para realização de espirometria de forma a confirmar o diagnóstico de DPOC”, alertam os médicos. Nestes casos, as novas guidelines recomendam o tratamento precoce, de forma a detetar e atrasar a progressão da doença e a deterioração da qualidade de vida.

A espirometria é um exame de rastreio simples, rápido e indolor que pode ajudar a prevenir a doença: basta colocar o bocal do aparelho na boca, encher totalmente os pulmões de ar e soprar com força até os esvaziar.

A referida segunda versão interativa do livro “O Médico de Família e a Avaliação da Função Respiratória na DPOC” conta com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG) e ainda do grupo dedicado às doenças respiratórias da APMCG (GRESP), e tem como objetivo sensibilizar para um programa de combate à doença pulmonar obstrutiva crónica.

27 de julho de 2012

@SAPO