"Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve são as regiões do país com menos médicos de família para a população que têm e, este ano, vão ser colocados novos especialistas de medicina familiar que vão respeitar essa necessidades, ou seja, irão mais médicos para essas regiões do que é habitual", disse à agência Lusa Luís Pisco, vice presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), à margem da apresentação do mapa de reorganização dos Cuidados de Saúde Primários nos concelhos de Abrantes e Sardoal, no distrito de Santarém.

O mesmo responsável referiu que este ano há "mais médicos a entrar do que a sair" dos sistemas de saúde, notando que a abertura de 175 vagas para Lisboa e Vale do Tejo e "mais vagas do que habitualmente" para a região do Algarve, "fará com que, provavelmente, haja mais médicos jovens a deslocar-se da região norte, onde só existe 2% da população sem médico de família, para se instalarem nas duas regiões mais carenciadas", com cerca de 20% de utentes a descoberto.

"A solidariedade nacional provavelmente irá manifestar-se desta vez, bastante, pois temos a expectativa de que os médicos venham para os locais onde existem mais vagas", observou, tendo exemplificado a colocação de médicos com a "regra de três simples: o ACES com menor necessidade, o oeste norte receberá cinco médicos, o ACES com maior necessidade, em Sintra, receberá 19 médicos".

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Luís Pisco lembrou ainda que, "em 6 anos, saíram 830 médicos do sistema e só entraram cerca de 300", para de seguida dar "boas notícias", referindo que "este ano há mais médicos a entrar do que a sair", e que "72 novos médicos internos vão concluir a especialidade até ao verão", profissionais que, notou, "devem ter uma colocação mais rápida do que o habitual nas unidades de saúde familiar e centros de saúde".

O responsável da ARSLVT disse ainda ter a expectativa de que dentro de "dois a quatro anos, até 2020, para resolver o problema de forma mais global, e para sejam repostos os quadros médicos em falta" no país.

Luís Pisco presidiu hoje à apresentação da reorganização dos Cuidados de Saúde Primários nos concelhos de Abrantes e Sardoal, dois municípios que confinam territorialmente na região do Médio Tejo, que apresentam uma taxa de envelhecimento populacional muito elevada, e onde o número de utentes sem médicos de família se cifra na ordem dos 40% e 50%, respetivamente.

O projeto, sem data definida para entrar em funcionamento, passa pela criação e articulação de uma Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) em Abrantes, a par de uma Unidade de Saúde Familiar (USF) e uma Unidade de Cuidados da Comunidade (UCC),e uma Unidade Cuidados Saúde Personalizados em Sardoal, em articulação com uma UCC denominada de "Abrantes e Sardoal", uma vez que trabalhará com quatro freguesias de cada um dos municípios.

O projeto, de base domiciliária e comunitária, assenta nos cuidados de saúde e apoio psicológico e social, é dirigida a pessoas de maior risco e vulnerabilidade, com dependência física ou funcional, e visa dar apoio aos mais idosos e aos que estão com mais dependências, com visitas de apoio domiciliário".