Os laboratórios anteciparam em seis meses, a pedido do ministro da Saúde, a devolução dos valores que os hospitais ultrapassaram com a despesa em medicamentos, tendo já restituído 40 milhões de euros.

Em entrevista à agência Lusa, Ana Paula Carvalho, da direção da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), reconheceu que 2012 foi “um ano especialmente difícil para a indústria farmacêutica”, tendo ficado marcado por uma dívida de mais de mil milhões de euros.

Foi nesse cenário de dívida hospitalar que a indústria assinou, em maio, um acordo com o Ministério da Saúde, que definiu tetos – 170 milhões de euros para os hospitais e 130 milhões para o ambulatório – a partir dos quais as empresas devolvem o que as instituições gastarem a mais.

A devolução estava prevista para o final do primeiro trimestre de 2013, mas, a pedido do ministro da Saúde, “as empresas começaram a emitir as notas de crédito”, as quais permitiram “aos hospitais adquirir medicamentos tão necessários aos doentes”, disse.

Segundo Ana Paula Carvalho, até terça-feira, tinham sido emitidas notas de crédito de cerca de 40 milhões de euros, valor que deve atingir os 88 milhões de euros até ao final do ano.

Trata-se de “uma injeção de liquidez ao nível dos hospitais que lhes permitiu adquirir medicamentos", adiantou.

A dirigente da Apifarma destaca a descida da despesa com medicamentos no ambulatório, que caiu 10,1 por cento, enquanto a nível hospitalar essa diminuição foi de um por cento.

Ana Paula Carvalho sublinha a regressão do valor do mercado de ambulatório, que está hoje ao nível de há uma década.

Tal deve-se, em parte, “à baixa do preço dos medicamentos”, disse, adiantando que esta é uma situação “insustentável”.

“Sem a entrada de novos medicamentos, sem medidas para monitorizar o seu real impacto no mercado e nos agentes económicos, e acima de tudo nos doentes, iremos entrar numa situação de rutura”, disse.

21 de dezembro de 2012

@Lusa