Os cuidados com a sobrevivência são parte integral da jornada do cancro para todos os pacientes.

Mas, de acordo com os resultados de um estudo recente apresentado na Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, os profissionais de saúde precisam estar cientes de que a população que sobrevive a um cancro pediátrico requer cuidados especiais.

Em entrevista à Oncology Nursing News, a equipa de investigação da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, explicou que esta população “passou por dificuldades. Alguns foram diagnosticados com cancro há mais de 20 anos e o tratamento era diferente naquela época. Consequentemente, em muitos casos, os sintomas dessas pessoas são piores agora do que alguém que tem essa doença e que foi diagnosticado recentemente porque os tratamentos são diferentes”.

Juntamente com uma equipa do Hospital Pediátrico da Filadélfia, nos Estados Unidos, o estudo analisou mais de 10 anos de dados recolhidos de 170 sobreviventes: 123 crianças e 47 adolescentes.

Em cada visita de acompanhamento, os investigadores pediram que os participantes completassem um inquérito que continha questões sobre uma série de problemas que eles podem ter experimentado, incluindo dor e fadiga, bem como problemas relacionados com a função sexual, a imagem corporal e as finanças.

Os especialistas analisaram a ansiedade e a depressão associadas a esses problemas e conversaram com os pacientes sobre o que eles achavam que poderia estar a causar esses problemas.

No final, a equipa concluiu que a ansiedade e a depressão que essa população experimentou foram resultado dos sintomas do tratamento; por exemplo, problemas de concentração e memória ou fadiga foram resultado de quimioterapia ou radiação.

“Não é que eles tenham apenas ansiedade ou depressão como resultado de terem tido um cancro: está muito relacionado aos sintomas que eles têm. Se alguém tiver dores, é normal que fique ansioso”, disseram os investigadores, que acreditam assim que o foco não deve estar centrado na ansiedade e na depressão, mas na forma em como devem ser geridos os sintomas que as causam.

Este aspeto é, segundo a equipa, especialmente importante para os sobreviventes adultos de cancro infantil, pois o estudo descobriu que esses pacientes eram mais propensos a aceitar intervenções para sintomas relacionados à ansiedade e depressão, como dor, problemas de sono, trabalho e questões financeiras.

“É nesses pontos que a equipa médica deve intervir. Os oncologistas e outros profissionais de saúde, como enfermeiros, devem estar cientes de que essas questões existem, particularmente nesta população. Quando esses pacientes apenas consultam um clínico geral, é importante ter em mente o histórico do paciente”, alerta a investigação.

Fonte: PIPOP