A hidroxiquinolina e substâncias derivadas, enquanto “agentes versáteis que complexam com uma grande variedade de catiões”, já são aplicadas no tratamento de doenças neurodegenerativas, mas “poderão igualmente, no futuro, ser usadas na desintoxicação in vivo”, afirmou Maria Luísa Ramos à agência Lusa.

“Tenho esperança nessa possibilidade”, declarou a investigadora do Departamento de Química da UC, ao preconizar que os testes com esse objetivo deverão avançar de acordo com os critérios legais que vigoram em Portugal.

Luísa Ramos falava à Lusa a propósito de uma palestra, intitulada “Urânio, aplicações, toxicidade e remediação”, que apresentou, hoje, na Biblioteca da Química e da Física da Universidade de Coimbra.

Aquele composto químico já tem aplicações no ”transporte de eletrões e emissão de luz em materiais avançados”, e como “complexante de radionuclídeos em medicina nuclear”, além de aplicações biomédicas e no “tratamento de estados de demência”, realçou.

A substância é aplicada na despoluição de águas residuais contaminadas com urânio, incluindo nos complexos mineiros desativados, nas zonas graníticas de Portugal (Norte, Centro e Alentejo), “mas pode vir a ser usada in vivo como medicamento”, admitiu a investigadora.

Maria Luísa Ramos é uma das autoras de um artigo sobre o mesmo assunto que vai ser publicado, nos próximos meses, na “Dalton Transactions”, revista britânica da Royal Society of Chemistry especializada em temas de química inorgânica.

O trabalho é também assinado pelos docentes e investigadores Licínia Justino, Rui Barata, Telma Costa, Bernardo Albuquerque Nogueira, Rui Fausto e Hugh Douglas.