"A possibilidade de enviar alunos para as unidades da União das Misericórdias, que são muitas, estão espalhadas por todo o país, e algumas têm excelente qualidade, é muito importante. Os equipamentos da União têm um papel muito relevante na assistência que é prestada em Portugal", referiu Sousa Pereira à agência Lusa.
Para formalizar a parceria entre o ICBAS e a União das Misericórdias Portuguesas, as duas entidades assinam um protocolo no sábado, em instalações da Santa Casa de Misericórdia de Riba d'Ave, concelho de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, e a expectativa é que entre em vigor no próximo ano.
O diretor do ICBAS referiu que desta forma será "dada oportunidade aos alunos de ficarem com um conhecimento muito mais vasto daquilo que é a realidade assistencial do país", acrescentando que o passo é "muito importante" porque tradicionalmente os alunos de medicina estão confinados às unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ou seja equipamentos públicos quer sejam hospitais, quer sejam centros de saúde.
Mas para António Sousa Pereira, além de algumas especificidades "interessantes" que caracterizam as unidades das Santas Casas portuguesas, o facto de passar a existir mais oferta de colocação em estágio fará com que a "relação entre alunos e doente e entre alunos e tutores" seja "muito melhor" a "aprendizagem mais eficaz".
"E permite-nos acomodar os alunos. Temos dificuldade dentro do SNS", acrescentou.
Questionado sobre o número de alunos que poderão usufruir deste protocolo, o responsável do ICBAS explicou que "tudo dependerá das áreas com carência", bem como da "disponibilidade e da qualidade" das unidades anfitriãs, pelo que será estudado "caso a caso".
"O nosso objetivo é que dentro de dois/três anos todos os alunos tenham passado algumas semanas pelas unidades que estão sob a alçada da União das Misericórdias para enriquecerem a sua formação", descreveu.
Esta novidade vai ao encontro da convicção do ICBAS de que os estudantes de medicina devem adquirir ferramentas em contexto de estágio em várias valências, especialidades, bem como realidades diferentes.
António Sousa Pereira recordou, a propósito, que o ICBAS tem um protocolo com o Instituto Português de Oncologia (IPO) que permite aos seus alunos estagiarem em unidades oncológicas, independentemente da especialidade que venham a abraçar.
"Todos eles passam pelo IPO. Achamos muito importante que no dia em que se formam tenham contactado com essa realidade que é completamente diferente de outros hospitais e é importante que a conheçam", afirmou.
Na mesma ocasião, no sábado, será assinado um segundo protocolo entre o ICBAS e a Santa Casa de Misericórdia de Riba d'Ave que visa a criação do Centro de Investigação, Formação e Acompanhamento de Pessoas com Demência, um equipamento que a instituição de Famalicão e o instituto da Universidade do Porto desejam que ajude a avaliar as diferentes respostas aos diferentes estádios de demência de modo a encontrar as intervenções mais ajustadas para os diversos casos clínicos.
Comentários