Na sua intervenção na reunião de peritos para analisar a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal, que decorreu no Infarmed, em Lisboa, Pedro Pinto Leite reforçou a necessidade de “uma abordagem integrada da covid-19 com as outras infeções respiratórias víricas, nomeadamente a gripe e a infeção pelo Vírus Sincicial Respiratório”.
“Na época de outono/inverno ocorrem temperaturas baixas e um aumento da incidência de infeções respiratórias” disse Pedro Pinto Leite, advertindo que “a dinâmica da covid-19 pode ainda não se encontrar estabilizada” e ainda constitui uma emergência de saúde pública de âmbito Internacional.
Segundo Pedro Pinto Leite, tem-se observado “um ligeiro aumento” no número total de internamentos por covid-19, que sugere uma incidência com tendência crescente, mas com valores inferiores aos da última onda e com um padrão semelhante ao do ano passado.
Nos internamentos nas unidades de cuidados intensivos por covid-19, observa-se “uma estabilização”, também com valores inferiores ao da última onda e um padrão semelhante a 2021.
Verifica-se que o aumento dos internamentos em enfermarias deve-se sobretudo a pessoas com mais de 65 anos, mas recentemente tem vindo a observar-se um aumento no grupo entre os 50 e 59 anos.
Nas unidades de cuidados intensivos, há uma estabilização dos internamentos em todos os grupos etários, disse o especialista, acrescentando que esta estabilização também é encontrada na mortalidade por covid-19.
“Neste momento, a sete dias temos quatro óbitos por milhão de habitantes (…) muito abaixo dos 20 que tínhamos anteriormente que é o limiar definido pelo ECDC [Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças]”.
Relativamente ao Vírus Sincicial Respiratório, Pedro Pinto Leite disse, citando o último relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), que aumentaram recentemente os internamentos devido a esta doença em crianças abaixo dos dois anos.
“Este aumento é superior ao que é esperado para esta altura do ano”, observou, destacando que 43% dos internamentos são de crianças até aos três meses, 15% de prematuros e 14% de bebés com baixo peso, segundo dados desde outubro de 2021.
Aludindo à atividade gripal na Austrália, país referência para prever o que vai acontecer no inverno na Europa, o investigador alertou que é preciso “olhar com cautela” para a atividade gripal” este ano em Portugal.
Citando o boletim do INSA, apontou um aumento da atividade gripal em Portugal “aparentemente à custa do subtipo H3N2” semelhante ao observado no hemisfério sul, o que deixa “uma nota de alguma cautela para este ano”.
Perante esta realidade, Pedro Pinto Leite apelou para a vacinação para prevenir estas infeções respiratórias.
Disse ainda que a situação atual é caracterizada por um aumento de consultas de gripe e de outras infeções respiratórias, com um padrão semelhante ao que era na pré-pandemia.
Ao nível dos serviços de urgência, registou-se um aumento da proporção de episódios de urgência por síndroma gripal e outras infeções respiratórias mais recentes na última semana, ultrapassando os 10%.
“A mortalidade encontra-se dentro do esperado para altura do ano e, portanto, pelo que se entende que não há impacto neste momento pela dinâmica da transmissão da covid, da gripe, e de outro vírus respiratórios”, concluiu.
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