“Não vai ser possível a breve trecho, mas vai diminuir muito a sua incidência e a sua mortalidade, como aconteceu nos últimos dez anos. O ‘acabar’ é mais longínquo, mas é uma guerra que não está perdida”, afirmou o neurologista em declarações à Lusa a propósito da 11.ª edição do Congresso Anual da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), que começa quinta-feira, no Porto.

“Poder acabar com o AVC”, será o tema da conferência inaugural do congresso que decorrerá até sábado, com a presença de “mais de 800 participantes”, segundo a organização.

O presidente da SPAVC e do Congresso salientou a realização da Sessão de Informação à População, agendada para a tarde de sábado. “A população tem de ajudar, a população é que está a falhar. Não vai assistir às sessões de esclarecimento que programamos como, por exemplo, a que programámos para sábado à tarde, que é uma sessão aberta para aprender como é que se deve proteger do AVC e outras informações. As pessoas não aparecem nestas sessões, temos tido salas com pouca gente”, sustentou.

De acordo com Castro Lopes, “estamos a ter progressos extraordinários na parte aguda do tratamento do AVC, mas a prevenção exige muito da população”.

“É também fundamental reconhecer os sinais do AVC e, ao menor desses sinais, recorrer de imediato ao 112 e exigir - é essa a palavra - ser levado ao hospital que tenha uma unidade de AVC, porque aí já se fazem os tais tratamentos de fase aguda, capazes de desobstruir a artéria que estava a danificar o cérebro, restabelecer a circulação e ficar bem”, acrescentou.

O AVC é uma doença súbita que afeta uma zona limitada do cérebro, causada pelo bloqueio ou rompimento de uma artéria cerebral.

Nas suas ações dirigidas à população, a SPAVC tem reforçado a importância do reconhecimento dos 3F’s: desvio da face, dificuldade em falar e falta de força num braço. Estes sinais devem motivar a ativação imediata dos serviços de emergência Médica (112), porque quanto menor for o período entre a ocorrência destes primeiros sintomas e a chegada ao hospital, maior será a probabilidade de sobrevivência sem sequelas.

De acordo com a SPAVC, em Portugal, as elevadas taxas de AVC têm sido atribuídas a um fator de risco específico, a hipertensão arterial, que, por sua vez, tem como principal causa o consumo excessivo de sal. O sedentarismo, a obesidade e o tabagismo, entre outros, são também fatores de risco.

Castro Lopes destaca alguns temas do congresso que vêm reforçar as mensagens-chave transmitidas pela SPAVC ao longo dos anos: “Estilos de vida na vanguarda do AVC”, “A importância do risco vascular na deterioração cognitiva” e “Os aspetos do tratamento da fase aguda do AVC isquémico”.

O neurologista chamou ainda a atenção para a sessão dedicada à reabilitação, salientando que “a reabilitação pós-AVC é um direito que deve ser mantido enquanto o doente não readquirir as funções perdidas”.

Complementando o congresso, mas de entrada livre a toda a população interessada, a SPAVC volta a promover uma sessão de informação dirigida ao público em geral. A sessão acontece sábado, pelas 15:30, no auditório onde decorrerá o congresso, no Hotel Sheraton, no Porto.