Em resposta a perguntas dos jornalistas no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa não quis comentar as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, sobre a atuação que teve em relação a este caso quando tutelava a Defesa.
Segundo o chefe de Estado, “o importante é perceber-se a razão de ser das obras, por que é que houve a derrapagem, o que é que motivou naquele momento haver aquelas obras com um determinado objetivo, que depois não foi plenamente realizado porque não foi necessário utilizar tanto quanto se pensava aquilo que na altura foi objeto de investimento”.
“O fundamental é esclarecer exatamente — porque é dinheiro dos portugueses — por que é que num certo momento, no aperto da situação da pandemia, se entendeu que era de fazer aquela utilização de uma unidade que estava desafetada, por que é que isso aconteceu nos termos em que aconteceu, numa derrapagem, e qual é o balanço que se faz e a lição que se retira desse procedimento”, acrescentou.
Interrogado se a urgência em dar resposta à covid-19 pode ter justificado a aprovação do projeto, o Presidente da República respondeu: “É isso que vamos ter de perceber”.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que este “foi um caso longo, demorou tempo, em que houve uma componente muito especial, que foi a preparação, num determinado momento de afogadilho, para eventualmente apoiar no período da covid-19”.
“Vamos esperar para ter os contornos gerais do caso para se perceber”, sugeriu.
O chefe de Estado manifestou-se convicto de que “o tempo permitirá esclarecer cabalmente o que está relacionando com esse ponto muito específico da derrapagem das despesas no Hospital Militar”.
A Assembleia da República “vai com certeza continuar a acompanhar isso” e “irá oportunamente avaliar quem tomou as decisões, como é que tomou as decisões, porquê, qual a motivação”, disse.
Por outro lado, o Presidente da República recusou comentar o comunicado do ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos sobre o seu conhecimento e anuência à cessação de funções de Alexandra Reis da TAP mediante o pagamento de 500 mil euros.
”Eu não tenho que comentar exatamente esse tipo de declarações uma a uma, não é função do Presidente da República estar a debruçar-se sobre isso”, retorquiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Neste caso, “continuam naturalmente aquilo que são as indagações por parte da oposição dessa função e do parlamento”, portanto, “o processo está em curso”, acrescentou.
Comentários