O eventual recurso a médicos de Cuba é “iniciativa que nós saudamos, porque se é preciso haver reforço de médicos no SNS, que se faça isso, independentemente da nacionalidade destes médicos”, afirmou o líder parlamentar IL, num debate sobre saúde agendado pelo PSD, mas que não contou com a presença do Governo.

Apesar de concordar com o reforço de médicos para o SNS, Rodrigo Saraiva salientou, porém, que há questões que essa medida levanta ao nível dos direitos humanos, uma vez que se trata de um “país com um regime ditatorial e autocrático”.

“É preciso saber como essa contratação dos 300 médicos cubanos é feita. É um acordo entre Estados ou é uma contratação entre o Estado português e uma empresa pública cubana”, questionou o parlamentar liberal.

Lamentando que as suas questões tenham ficado sem reposta, devido a ausência do Governo, Rodrigo Saraiva manifestou ainda dúvidas sobre as “condições que esses médicos depois vão estar ao serviço, em Portugal, do SNS”, nomeadamente, se vão “receber na plenitude aquilo que o Estado português vai pagar ao regime cubano”.

Já na sequência de uma intervenção de tribuna do deputado do PSD Rui Cristina, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, pediu a palavra para recordar que o próprio deputado social-democrata, Luís Gomes, quando foi presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, “levava os munícipes a Cuba” para receberem tratamentos médicos.

Na resposta, Luís Gomes aproveitou para repor a “verdade histórica”, manifestando-se orgulhoso de, enquanto autarca, “ter levado mais de 300 pessoas a Cuba” com este objetivo, alegando que, na altura em que o PS estava no Governo, “essas pessoas esperam seis anos no Algarve por uma consulta de oftalmologia”.

Na quarta-feira, o Jornal de Notícias (JN) avançou que o Governo português está a preparar a contratação de 300 médicos cubanos para o SNS, tendo já pedido parecer sobre o processo de reconhecimento de qualificações ao Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) e à Ordem dos Médicos.