Pioneiros na técnica, os médicos do Hospital Puerta de Hierro, em Madrid, realizaram, pela primeira vez, no início da década de 2010, um transplante de doadores em paragem cardiorrespiratória. Durante a intervenção, os pulmões foram avaliados e tratados de forma extra-corporal. Os órgãos funcionaram fora do corpo durante cerca de 20 horas e receberam antibióticos e medicamentos para que fosse reduzida a respetiva inflamação. Foram recebidos por doentes com enfisema pulmonar.

Esta intervenção juntou duas técnicas bastante complexas. Por um lado, a obtenção de órgãos aptos para transplante de doadores falecidos. Por outro, a manutenção de um órgão ex-vivo, fazendo-o funcionar fora do corpo. Em março de 2014, esta unidade integrou a lista das unidades hospitalares que bateram o recorde de 45 transplantes em apenas 24 horas. Já este ano, o Serviço de Nefrologia do Hospital Puerta de Hierro volta a fazer manchetes.

O departamento lidera um estudo internacional que está a analisar a evolução dos pacientes que foram submetidos a um transplante renal procedente de um dador em assistolia controlada, uma situação ainda pouco comum, ao contrário dos que sucedem após um processo de morte encefálica, o procedimento mais comum em países como Portugal e Espanha. Os resultados preliminares da análise GEODAS-3, que incidem sobre mais de 250 pacientes de 14 hospitais espanhois, foram recentemente apresentados.

Segundo a investigação, a taxa de insucesso da intervenção cirúrgica é similar nos dois casos. Em 2014, o número de transplantes renais procedentes de um dador em assistolia controlada atingiu o recorde de 130 intervenções, ultrapassando os 300 desde 2011. Em Espanha, um em cada cinco órgãos transplantados, cerca de 21,2%, é implantado numa região diferente da do dador. Na Europa, 10% dos transplantes são provenientes de dadores em assistolia controlada. A média mundial ronda os 7%.