4 de setembro de 2014 - 10h03
O presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) disse à Lusa que a situação do bloco operatório do Hospital de Santarém é mais um dos sintomas de que esta unidade está a chegar a um “ponto insustentável”.
Pedro Ribeiro (PS) disse à agência Lusa não compreender a ausência de resposta do Ministério da Saúde ao pedido de diálogo feito há mais de um mês pelos autarcas da região, tomada de posição em que é secundado pelo presidente da Câmara de Santarém, que, na reunião do executivo desta semana, criticou o ministro Paulo Macedo por não responder à carta que lhe enviou há duas semanas.
Nessa missiva, Ricardo Gonçalves (PSD) pedia uma intervenção urgente no Hospital de Santarém, nomeadamente no bloco operatório onde têm sido adiadas cirurgias devido à falta de condições das salas.
“Entendemos que existam assuntos que demoram a ser resolvidos, mas quando se trata da vida das pessoas não aceitamos que não haja resposta. Se alguma cirurgia tiver que ser interrompida a meio ou alguém que devia ser operado com urgência morrer pergunto de quem é a culpa”, declarou Pedro Ribeiro.
“Se a culpa também aqui é da ‘troika’, então que sejam condenados por homicídio por negligência”, adiantou, frisando que uma situação como a que se arrasta no Hospital de Santarém “tem que ter consequências e responsáveis”.
Para o autarca, o hospital não pode correr o risco de ficar sem emergência médica, questionando se a degradação a que se assiste no Serviço Nacional de Saúde visa apenas beneficiar o setor privado.
“Se não há dinheiro, verifiquem, e expliquem, de onde vem o dinheiro que entra em grupos como a Espírito Santo Saúde ou a Mello Saúde. Se essa é a opção [do Governo] então digam clarinho”, declarou.
Fontes que pediram o anonimato disseram à Lusa que a lista de espera para cirurgia no Hospital de Santarém está “descontrolada”, sobretudo em ortopedia, sendo a gestão do Bloco Operatório feita dia a dia, depois de analisadas as condições das salas, dado o deficiente funcionamento do sistema de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (AVAC), que data da construção do hospital, em 1985.
De acordo com esses relatos, a situação mais grave é a da ortopedia, que não está a fazer cirurgia programada e onde, asseguram, 21 doentes aguardam intervenção, tendo sido necessário recorrer ao Bloco da unidade de Tomar do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), onde foram operados seis doentes urgentes, situação que terá ocorrido uma segunda vez a semana passada.
A prioridade está a ser dada aos doentes com tumores, disse uma das fontes, que classificou a situação como “caótica”, frisando que, depois das situações registadas no final de 2013, tinha ficado a convicção de que o bloco entraria em obras este verão.
A comunicação social regional noticiou situações como a de um forcado dos Amadores da Chamusca, que sofreu uma fratura numa perna, internado para uma cirurgia de ortopedia desde o dia 03 de agosto e que acabou por recorrer a um hospital privado depois de três adiamentos, ou o do doente com apendicite aguda que, no último fim de semana de julho, foi enviado para o Hospital de S. José, em Lisboa.
Questionada pela Lusa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo admitiu "algum condicionamento" do Bloco Operatório Central do Hospital de Santarém no mês de agosto "por razões climatéricas", frisando que nos primeiros sete meses do ano se realizaram mais 382 intervenções que em igual período de 2013, tendo havido uma redução do tempo de espera em 55 dias.
Segundo a ARS-LVT o Bloco Operatório do Hospital de Santarém vai ser alvo de uma “intervenção muito profunda” que obrigará ao seu encerramento total durante cerca de quatro meses, previsivelmente nos primeiros meses de 2015.

Por Lusa