A plataforma de cidadãos de defesa do Hospital Dona Estefânia (Lisboa) encara com grande preocupação o eventual encerramento da urgência da maternidade daquela unidade, alertando que pode comprometer o tratamento e recuperação de muitos recém-nascidos.

“Uma situação conjuntural serviu para suportar uma decisão que afeta gravemente a rede de cuidados perinatais diferenciados e os cuidados cirúrgicos neonatais, podendo limitar, à nascença, o potencial de tratamento e recuperação de muitos recém-nascidos gravemente doentes”, refere a Plataforma Cívica em Defesa do Património do Hospital D. Estefânia, num documento a que a agência Lusa teve acesso.

O Ministério da Saúde já admitiu que está a analisar a possibilidade de uma única urgência servir as maternidades da Estefânia e da Alfredo da Costa.

Para este grupo de cidadãos, o Ministério da Saúde parece “ignorar que naquele hospital se localiza a unidade de cirurgia neonatal de referência para a zona sul do país”.

A Plataforma recorda que, já em 2000, a ministra Ana Jorge, quando era presidente da Administração Regional de Saúde, “tentara encerrar a maternidade do Hospital D. Estefânia”.

Depois de ter escutado os profissionais, a Plataforma entende que esta decisão não tem fundamento técnico e que não acautelou o interesse dos cidadãos mais vulneráveis.

“Os padrões de segurança da grávida são ignorados ao encerrar uma maternidade com uma taxa de partos por cesariana inferior à média nacional”, refere o documento.

É ainda contestado o momento em que se anuncia o eventual encerramento da urgência da maternidade, num altura de “fim de ciclo” da atual equipa do Ministério.

“Esta decisão imediatista e de fim de mandato do Governo em gestão evita notícias, em plena campanha eleitoral, sobre as dificuldades na urgência da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) que o Ministério não soube prevenir”, acrescenta a Plataforma.

Para este grupo, na base da decisão ministerial estará a falta de obstetras no período do verão e a recusa legal dos profissionais da MAC em fazer mais horas extraordinárias a partir de 1 de junho.

A Plataforma Cívica em Defesa do Património do Hospital de Dona Estefânia é constituída por médicos pediatras e de outras especialidades ligadas à criança, assim como técnicos de saúde, pais e cidadãos.

23 de maio de 2011

Fonte: Lusa/SAPO