“Os números na urgência da Estefânia têm vindo a aumentar desde o início do mês. Na semana passada estávamos com 250 a 280 crianças por dia, ontem [segunda-feira] chegamos a 400, o que é um aumento muito grande e muito significativo em poucos dias”, disse aos jornalistas o diretor de Pediatria do Centro Hospitalar Lisboa Central, Luís Varandas.

O responsável acrescentou que o hospital já sabe que no inverno a afluência à urgência cresce, nomeadamente devido às infeções respiratórias, mas já há mais crianças que estão a ir às urgências, o que faz com que “aumente naturalmente os tempos de espera”.

Esta afluência às urgências do Hospital Dona Estefânia está relacionada com as limitações em algumas urgências da região de Lisboa e Vale do Tejo, nomeadamente os hospitais Beatriz Ângelo (Loures), Fernando da Fonseca (Amadora/Sintra), Barreiro e Garcia de Orta (Almada).

“Já há muitas horas de espera para os doentes, mesmo aqueles algo urgentes”, disse, estimando que durante o dia o tempo de espera para um doente com pulseira amarela é superior a duas horas e para os verdes é mais de três horas.

No entanto, precisou que, a partir do fim do dia, a afluência à urgência é maior.

O diretor de Pediatria do Centro Hospitalar Lisboa Central considerou que esta afluência pode ser diminuída se os pais ligarem para a linha Saúde 24 e recorrerem aos centros de saúde ou aos hospitais da área de residência para que as crianças não acorram ao hospital central por motivos menos graves.

“O ideal é que as crianças que vêm a urgência da Estefânia de fora da área, nomeadamente durante a noite e ao fim do dia, sempre que possível esperassem pelo dia seguinte para ir ao hospital da área de residência ou para ir aos centros de saúde”, precisou, frisando que não se tratando de situações urgentes podem esperar pelo dia seguinte.

Luís Varandas sublinhou que isto “facilitaria bastante o trabalho porque com 400 doentes por dia não é possível assegurar uma assistência atempada e com qualidade”.

Para inverter esta situação, afirmou que o hospital já não tem muito a fazer “em termos de medidas concretas”, uma vez que quase todos os médicos cumpriram as 150 horas extraordinárias permitidas por lei e entregaram a minuta para não fazerem mais horas, embora alguns destes profissionais tenham entregado a escusa e depois se tenham oferecido para reforçam as equipas das urgências.

“Se continuarmos a ter afluência desta ordem não há hipótese, não há capacidade de resposta”, sustentou, avançando que o hospital corre o risco de ter que ativar o plano de contingência, uma situação que não é a desejada.

Luis Varandas disse que o hospital quer “continuar a dar resposta a todos os doentes urgentes”,

“Obviamente que não vamos fechar portas. O que vai acontecer é que realmente as pessoas têm que esperar seis, sete ou oito horas”, disse ainda.