“O Governo irá rapidamente analisar os estudos já disponíveis sobre esta matéria, alguns deles contraditórios, numa perspetiva não local, mas regional, que envolverá toda a Beira Interior e o conjunto de sub-regiões”, afirmou Manuel Delgado, durante a sessão evocativa do Dia do Centro Hospitalar Tondela/Viseu e do seu padroeiro, São Teotónio.

A criação de uma unidade de radioterapia em Viseu é uma reivindicação antiga, que os presidentes do centro hospitalar e das Câmaras de Viseu e de Tondela voltaram a lembrar hoje nos seus discursos.

Manuel Delgado respondeu-lhes que “esta questão não poderá ser encarada apenas numa perspetiva local”, uma vez que se trata de “equipamento pesado, que exige uma escala mínima de doentes para ser rentável e reunir uma frequência de utilização que garanta experiência para os profissionais e qualidade e rigor para os utentes”.

Segundo o secretário de Estado, será importante a “conjugação de esforços a nível de toda esta região, para consensualizar a melhor localização deste serviço” que, apesar de ser necessário, é também “caro e sofisticado em meios tecnológicos e humanos”.

Em declarações aos jornalistas no final da sessão, Manuel Delgado disse que o Governo está “a pensar seriamente em criar a valência de radioterapia na Beira Interior”.

“Temos a clara noção de que é preciso reforçar com a instalação de um serviço de radioterapia no interior da beira”, frisou.

Para tal, estão a ser estudados “vários pareceres, vários relatórios, inclusive decisões políticas em governos anteriores que não foram consequentes”, de forma a tomar “uma decisão acertada, ponderada, bem pensada”.

O governante explicou que, no local onde o serviço for instalado, terá de haver “uma equipa de recursos humanos muito diferenciada”, sendo preciso “dar-lhe formação”.

Por outro lado, “é preciso que os equipamentos tenham rentabilidade”, ou seja, terem “um volume de doentes que justifique este tipo de investimento” e que é de cerca de 500/550 doentes por ano em tratamento.

“Temos a ideia de que existe essa necessidade na Beira Interior, mas não pode ser só para uma localidade em função da sua área direta de atração, tem que ser para uma região”, sublinhou.

Segundo Manuel Delgado, “as recomendações internacionais dizem que o ideal é que um doente em tratamento de radioterapia não deve estar a mais de 45 minutos de um centro onde vai receber o seu tratamento”, sendo que 60 minutos é um período de tempo “considerado aceitável”.

“Os utentes desta região não estão, na grande maioria, dentro desta janela temporal”, admitiu, referindo que ao instalar um novo serviço de radioterapia o Governo pretende que “80 a 90% dos cidadãos necessitados desta terapêutica” fiquem a menos de 60 minutos do local do tratamento.