Os gémeos são-tomenses, Nilson e Nelson Sacramento, ambos doentes de elefantíase, vão deslocar-se para Portugal com vista a recebem tratamento no Hospital da Universidade de Coimbra (UHC).
“Eles têm relatório médico, têm tudo feito, incluindo a autorização para entrarem no Hospital Universitário de Coimbra”, disse à Lusa Feliciana Almeida, diretora clínica do hospital Ayres de Menezes, acrescentando que ”os jovens inclusive já têm bilhetes de passagem” e que “a própria ministra da Saúde está pessoalmente preocupada com a situação”.
A diretora clínica do principal centro hospitalar de são Tomé afirma que todos os contactos estão a ser efetuados por via diplomática através da embaixada de São Tomé e Príncipe em Lisboa.
Os gémeos são-tomenses com elefantíase tinham viagem marcada para meados de junho passado. Foram internados no hospital Ayres de Meneses “para preparação” durante cerca de 48 horas, “mas depois recebemos uma comunicação de que eles já não podiam viajar porque não havia tinham autorização (de Portugal)”, explicou Feliciana Almeida.
Cláudio Correia, responsável pela divisão da mobilidade de doentes da Direção Geral da Saúde (DGS), disse à Agência Lusa que já está tudo resolvido e autorizado por parte da entidade portuguesa para a vinda dos gémeos.
“A primeira consulta já está marcada, para 23 de setembro, nos serviços de cirurgia plástica dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Já informámos a embaixada (de São Tomé e Príncipe em Lisboa) para preparar o processo para as crianças virem a Portugal”, disse Cláudio Correia.
Os custos com as passagens de ida e volta, bem como a estada em Coimbra estão a cargo de uma ONG portuguesa cujo nome não foi divulgado, com o patrocínio do cônsul de São Tomé e Príncipe em Coimbra.
Em Coimbra deverão ser acompanhado por Norberto Canha, médico e docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, segundo apurou a Lusa.
Nilton Isabel do Sacramento e Nelson Isabel do Sacramento têm 26 anos, são gémeos e naturais de Angolares, sul do arquipélago, onde nasceram e concluíram o ensino primário.
Contam que o calvário se iniciou há 15 anos. “Começou com coceira e algumas dores, na altura fizemos tratamento de medicina tradicional lavando os pés com ervas e plantas cozinhada. As dores e coceiras aliviaram, mas depois surgiu abcesso e as coisas complicaram-se e o médico na altura internou-nos no hospital”, explicam.
Concluíram a 4.ª classe e não puderam prosseguir os estudos por causa da doença. Atualmente vivem com a mãe, sem emprego, praticamente sem amigos e sem poderem constituir família.
A fonte de rendimento da mãe é proveniente da venda de pequenas quantidades de hortaliças que não chega para o sustento do dia. Ocasionalmente são chamados para capinarem quintal, recebendo em troca irrisória quantia em dinheiro.
“Por vezes uma pessoa de boa fé é que nos oferece 40 ou 50 mil dobras (dois euros)”, conta um dos gémeos.
Por isso toda a esperança está nessa viagem que encaram como “única solução para mudar de vida”.
Se os médicos portugueses do HUC não encontrarem outra solução para as suas pernas inchadas e infetadas “podem tirar (amputar) fora e colocar uma prótese”,
“Estão com a moral muito baixa, tenho vergonha de os encarar, me dá muita pena, estão sempre a reclamar, mas o que posso fazer?”, questiona Feliciana Almeida.
03 de agosto de 2011
Fonte: Lusa
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