Investigadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, fizeram experiências em que plantas e fungos cresceram em atmosferas parecidas com a da Terra antiga.

Ao incorporarem os resultados em modelos computacionais, concluíram que os fungos são essenciais na criação de uma atmosfera rica em oxigénio, da qual depende a vida tal como se conhece.

Segundo os cientistas, os fungos 'extraem' o nutriente fósforo de rochas e transferem-no para as plantas, para que estas possam realizar a fotossíntese (função pela qual as plantas, na presença da luz solar, transformam o dióxido de carbono e a água em matéria orgânica, libertando oxigénio).

O estudo defende que a quantidade de fósforo transferida poderá ter sido muito grande sob condições atmosféricas antigas.

Ao usar um modelo computacional que reproduz o sistema terrestre, a equipa de investigadores verificou que os fungos tiveram capacidade para alterar de forma significativa a atmosfera terrestre antiga.

Primeiras plantas

O planeta terá desenvolvido uma atmosfera rica em oxigénio há entre 500 e 400 milhões de anos, quando o dióxido de carbono foi gradualmente convertido em oxigénio pelas primeiras plantas terrestres.

As experiências conduzidas pela Universidade de Leeds revelaram, de acordo com um comunicado da instituição, que diferentes fungos antigos, ainda existentes na atualidade, efetuaram as transferências de fósforo em percentagens distintas, influenciando as velocidades com que as plantas produziram oxigénio.

Tal mecanismo interferiu, por sua vez, na velocidade com que a composição da atmosfera se alterou, de mais rica em dióxido de carbono para mais rica em oxigénio.

Os fungos têm a capacidade de extrair minerais, como o fósforo, das rochas onde crescem e expressam ácidos orgânicos que os ajudam a dissolver os grãos de minerais.

Ao extraírem os minerais e os transferirem para as plantas, ajudando-as a crescer, os fungos recebem, em troca, o carbono que as plantas produziram quando capturaram o dióxido de carbono da atmosfera e libertaram oxigénio.

As formas mais antigas de plantas não tinham raízes, com as quais pudessem retirar os nutrientes diretamente do solo, nem eram vasculares, o que as impedia de reter água.

O 'solo' com o qual tinham contacto eram os minerais rochosos, na falta de matéria orgânica, pelo que as relações das plantas primitivas com os fungos eram tão importantes, sustenta o estudo.