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Doença infeta mais de 390 milhões de pessoas anualmente
31 de outubro de 2013 - 16h03
Plantas como o funcho e o poejo têm potencialidade inseticida, podendo matar o mosquito que transmite a dengue, disse hoje a investigadora portuguesa que fez a descoberta.
Diara Rocha, investigadora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, falava à agência Lusa após a apresentação do seu trabalho de doutoramento sobre o assunto num encontro científico acerca das doenças tropicais negligenciadas nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian.
"A nível laboratorial (…) podemos dizer que temos já algumas plantas e compostos ativos com potencialidade inseticida", declarou a cientista, adiantando ter estudado o funcho e o poejo, plantas que existem em Portugal e em Cabo Verde.
Cabo Verde registou uma epidemia da dengue em 2009, com 20.000 casos registados em quatro ilhas, o que representou 20 por cento da população. À Madeira, o mosquito que transmite a doença chegou em 2004 e em 2012 foram registados 2.182 casos da dengue (um por cento da população).
Diara Rocha assinalou as vantagens das plantas em relação aos inseticidas utilizados habitualmente, são menos prejudiciais, quer para as pessoas, quer para o ambiente, porque "muitas delas são medicinais", o funcho, por exemplo, é utilizado como chá, e "são biodegradáveis, não há acumulação no meio ambiente".
Outras vantagens são "ter um produto que existe no meio tropical e assim é mais acessível", cujo processamento não é muito complexo, ou seja, não exige técnicas muito sofisticadas que obrigam a um grande investimento. Foi tida em conta “a realidade dos países envolvidos".
O trabalho "propriedades larvicidas de plantas tropicais e mediterrânicas no controlo de vetores da dengue e da malária" terminado este ano vai ser aprofundado pela investigadora, que pretende também investigar "as capacidades repelentes" do funcho e do poejo.
Satisfeita com o resultado do trabalho, praticamente inédito em Portugal, Diara Rocha explicou, no entanto, que a sua utilização prática tem ainda "um longo caminho a percorrer".
O encontro sobre Doenças Tropicais Negligenciadas nos PALOP, promovido pelo Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento e pela International Society for Neglected Tropical Diseases, procura incentivar a troca de experiências e a criação de redes entre investigadores africanos e europeus.
Lusa
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