O presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo defendeu hoje a manutenção da maternidade do hospital da Guarda, para evitar que os bebés sejam "condenados a ir nascer em Espanha".

Em carta enviada ao ministro da Saúde, Paulo Macedo, o autarca social-democrata António Edmundo alertou o governante "para a necessidade de acautelar a especificidade” do distrito da Guarda.

"Não podemos ser condenados a ir nascer em Espanha, dada a proximidade geográfica, quando o país carece de maiores taxas de natalidade que invertam o ‘inverno demográfico’ que assola a Europa, Portugal e sobretudo o interior do país", escreveu o António Edmundo.

Segundo o autarca, tomou a decisão de escrever ao titular da pasta da Saúde após as recentes notícias que dão conta "da possibilidade do encerramento das maternidades que não registem 1.500 partos por ano", como é o caso da Guarda.

"As maternidades que tiverem menos de 1.500 partos por ano, de acordo com os indicadores da Organização Mundial de Saúde, não deveriam estar a funcionar", afirmou o ministro Paulo Macedo, no dia 08 de novembro, admitindo o encerramento e a fusão destas unidades.

António Edmundo admite a reestruturação de alguns serviços na área da saúde, imposta pelas contingências às quais o país se encontra sujeito, mas rejeita o "possível encerramento de uma unidade de importância transversal e de uma mais-valia inquestionável para todo o distrito".

A maternidade do Hospital Sousa Martins, na Guarda, “não pode ficar à mercê de um entendimento meramente numérico, uma vez que esta decisão acarreta consigo um conjunto de perplexidades, dúvidas e incertezas, para um sem número de atores, sejam eles os próprios profissionais de saúde como todos os possíveis utentes dessa instituição que tem parâmetros de qualidade reconhecidos por todos", lê-se na carta a que a agência Lusa teve hoje acesso.

O autarca considera ainda que "fazer pender um possível encerramento de uma deslocalização desse serviço para Castelo Branco ou Covilhã não se coaduna com o entendimento de que o país é uno e coeso, tendo a Guarda a centralidade geográfica necessária para continuar a ser um pólo aglutinador de interesses comuns".

Acrescenta que o bloco de partos da Guarda, em comparação com os outros dois da Beira Interior, é o que, nos últimos anos, tem registado o "maior número médio de partos".

Dados da Direcção Geral da Saúde (DGS), referentes a 2009, indicam que houve 690 partos na Unidade Local de Saúde da Guarda, 473 na de Castelo Branco e 594 no Centro Hospitalar da Cova da Beira (Covilhã).

13 de dezembro de 2011

@Lusa