Segundo a ginecologista Cristina Frutuoso, “a taxa de gravidez na mulher depois de cancro da mama, feito o ajuste para a idade e nível cultural, corresponde a apenas 30% da população geral”.
A fertilidade após o cancro da mama foi um dos temas abordados durante o 20º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia, que terminou este fim-de-semana e reuniu centenas de especialistas em Lisboa.
Os peritos não têm dúvidas em afirmar que “a fertilidade fica comprometida após o tratamento do cancro da mama”.
Em resposta à agência Lusa, a ginecologista obstetra Cristina Frutuoso explicou que, na mulher em idade fértil, os tumores têm geralmente caraterísticas biológicas que obrigam à realização de tratamento com citostásticos.
O efeito destes citostásticos sobre a fertilidade vai-se agravando com a idade, juntando-se ao facto de “a reserva ovárica” também entrar em declínio depois dos 35 anos.
Além disso, se o tumor for “hormono-dependente”, o tratamento com antiestrogénios vai fazer adiar a possibilidade de uma gravidez durante cerca de cinco anos.
Segundo Cristina Frutuoso, são sobretudo as mulheres ainda sem filhos à data do diagnóstico e antes dos 35 anos quem faz perguntas sobre fertilidade perante um cenário de cancro de mama.
Em Portugal há no serviço público consultas de oncofertilidade onde as mulheres com diagnóstico de cancro podem ser aconselhadas, nomeadamente com propostas sobre formas de preservação da fertilidade.
Sobre a segurança da gravidez após o cancro da mama, Cristina Frutuoso defende que cabe ao oncologista que segue a mulher dar toda a informação necessária.
No dia 30 deste mês comemora-se em Portugal o Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama, com a Liga Portuguesa Contra o Cancro a promover um conjunto de iniciativas que “pretendem sensibilizar as comunidades locais para a importância da prevenção e deteção precoce do cancro da mama”.
O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o cancro da pele) e corresponde à segunda causa de morte por cancro, na mulher. Em Portugal, anualmente, são detetados cerca de 4500 novos casos de cancro da mama e 1500 mulheres morrem com esta doença.
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