31 de maio de 2013 - 10h11
O parlamento vai hoje debater uma petição na qual os estudantes de medicina contestam a falta de vagas para o internato médico, essencial para exercer a profissão, e por isso defendem a redução das vagas nos cursos.
“Só se é médico com internato. É obrigatório que todos os que terminam o mestrado tenham a hipótese de ingressar no internato. Não podemos abrir vagas para estudantes que depois não podem completar a formação”, indicou à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM).
A petição, que recolheu 5.122 assinaturas e que é hoje analisada no plenário da Assembleia da República, defende, assim, que “as políticas de Ensino Superior devem assegurar a possibilidade de todos os recém-diplomados realizarem o internato imediatamente após a conclusão do curso”.
Num comentário à agência Lusa, o presidente da ANEM refere que as escolas médicas estão a trabalhar “muito acima da sua capacidade formativa, em alguns casos o dobro”.
“Isto implica a diminuição da qualidade da formação, visto que não temos os recursos humanos e materiais para tal, visto que não podemos repetir um mesmo exame oito vezes a um doente, quando temos oito alunos a assistir a uma consulta”, adianta a ANEM.
Para esta associação, é ainda colocada em causa a dignidade do doente, “que é muitas vezes questionado, várias vezes, sobre a sua doença, sujeito a vários exames físicos, colheita da mesma história por dezenas de vezes, para se garantir que todos os estudantes conseguem ter este contacto essencial” para a formação.
“Necessitamos que as capacidades sejam respeitadas e que, portanto, o número de vagas seja adequado a essa capacidade - logo, diminuído”, acrescenta a associação dos estudantes de medicina.
Segundo o presidente da ANEM, o que é necessário é adequar as vagas que existem no ensino superior às disponíveis para internato médico, que rondam as 1.500.
Só este ano devem sair das universidades cerca de 2.000 estudantes e a tendência é que este aumento de alunos se mantenha, dado o crescimento de vagas que se regista há cinco ou seis anos.

Lusa