Um estudo publicado recentemente na revista científica Perspectives in Psychological Science investiga a presença de código genético de outros seres humanos dentro de corpos humanos. Segundo Peter Kramer e Paola Bressan: "Não somos indivíduos unitários, somos superorganismos", ao ponto de contermos genoma de alguém que nunca existiu, pelo menos fora de nós próprios.

Desmistificando. Lydia Fairchild concebeu e deu à luz três crianças, mas foi ameaçada pela comissão de proteção de menores dos Estados Unidos quando os testes de maternidade demonstraram que, estranhamente, ela não era a mãe biológica. A norte-americana vivia na altura uma disputa judicial pela guarda das crianças com o seu ex-namorado, que foi sujeito a testes de paternidade que provaram que ele era, de facto, o pai das crianças.

O que Lydia Fairchild descobriu mais tarde é que a verdadeira mãe das três crianças era a sua irmã gémea - se é que se pode chamar irmã gémea ao embrião humano que é absorvido por outro embrião antes do nascimento de Lydia Fairchild.

Os óvulos que deram origem aos três bebés de Lydia Fairchild pertenciam geneticamente à sua irmã, que vivia no seu genoma e que era totalmente desconhecida para ela. Um exemplo de quimera humana. Ou uma espécie de alusão real àquilo que ficou conhecido no mundo da ficção como o monstro de Frankenstein, um ser oriundo de múltiplos animais.

Este tipo de microquimerismo humano pode acontecer entre a mãe e o feto, o feto e outro feto gémeo e entre um feto e restos celulares de gestações anteriores.

A teoria de Kramer e Bressan é ainda mais radical: os cientistas afirmam que as células de outros seres humanos têm a capacidade de se reproduzir em órgãos tão vitais como o coração e o cérebro, podendo influenciar o nosso comportamento. Essa possibilidade cria um novo paradigma e pode abrir as portas a novas formas de compreensão na psiquiatria e nas doenças mentais.

É, por isso, possível que existam mais forças desconhecidas dentro de um indivíduo do que alguma vez teríamos imaginado.