1 de novembro de 2013 - 10h02
As crianças portuguesas entre um e três anos consomem mais do dobro das proteínas recomendadas e têm um consumo de energia superior às recomendações, segundo um estudo a ser hoje apresentado.
De acordo com os dados do estudo “EPACI - Estudo do Padrão de Alimentação e de Crescimento na Infância”, o excesso de proteínas deve-se sobretudo ao consumo excessivo de leite de vaca.
Os dados serão debatidos no âmbito de um seminário sobre “Alimentação e Crescimento nos Primeiros Anos de Vida: a propósito do EPACI Portugal 2012”, que decorre no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Ao longo do dia serão debatidas as escolhas alimentares nas famílias de acordo com o lugar onde vivem, a capacidade económica ou a cultura, a nutrição pediátrica dos últimos dois séculos, ou as implicações das escolhas alimentares nos primeiros anos das crianças.
De acordo com Pedro Graça, coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, parte do consumo excessivo de proteínas deve-se ao leite, porque os pais acreditam que a criança fica protegida se consumir elevadas doses proteicas.
Também Carla Rêgo, pediatra e coordenadora do EPACI, indica que estão a ser dadas às crianças até aos três anos “volumes de leite de vaca francamente acima do recomendável”.
Outro dos problemas detetados no estudo nos bebés até aos três anos é o consumo excessivo de energia, devido nomeadamente à ingestão de bebidas açucaradas. Segundo Pedro Graça, 17% das crianças portuguesas com 18 meses consome refrigerantes diariamente.
Como dados positivos, o responsável destaca a elevada percentagem de crianças dos 12 aos 36 meses que consomem diariamente fruta fresca (93%) e sopa (96%), embora apenas metade atinja a recomendação de cinco porções de frutos e hortícolas por dia.
O EPACI, realizado em 2012, com uma amostra representativa da população nacional, pretendeu avaliar hábitos alimentares nas crianças dos 12 aos 36 meses, uma faixa etária que ainda não tinha sida estudada.
A análise resultou de uma parceria entre várias instituições, como faculdades, sociedades científicas, administrações regionais de saúde e Direção-Geral da Saúde.
Lusa