Nas vésperas do Dia Mundial da Malária, que se assinala no dia 25 de abril, a agência das Nações Unidas para a Saúde diz que os 53 países da região da Europa alcançaram a meta de erradicar a malária até 2015, contribuindo para o objetivo de "acabar com a malária de uma vez por todas".
"É um grande marco para a história da saúde pública da Europa e para os esforços de eliminação da malária globalmente. Aplaudo esta conquista como o resultado de um compromisso político forte dos líderes europeus com o apoio da OMS", disse a diretora regional da organização para a Europa, Zsuzsanna Jakab.
De 90.712 casos autóctones registados em 1995, a região passou para zero casos em 2015.
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Segundo o Relatório Mundial da Malária 2015, divulgado em setembro, oito países da região europeia da OMS (Arménia, Azerbaijão, Georgia, Quirguistão, Tajiquistão, Turquia, Turquemenistão e Uzbequistão) ainda tinham transmissão autóctone em 2000, mas em 2014 esta estava confinada ao Tajiquistão.
A Turquia e o Tajiquistão estão na fase de eliminação e os restantes seis países estão já na fase de prevenção da reintrodução.
Apesar do êxito, a OMS lembra que até ser globalmente eliminada, a malária, ou paludismo, pode ser importada para a Europa por viajantes de e para países onde a doença é endémica.
"Não é apenas tempo de celebrar o nosso sucesso, mas também é a oportunidade de manter firme o estatuto de livre de malária que laboriosamente alcançámos. Até a malária ser erradicada mundialmente, as pessoas que viajam de e para países onde a malária é endémica podem importar a doença para a Europa e temos de manter o bom trabalho para prevenir a reintrodução", afirmou a diretora regional da OMS.
Segundo a OMS, a meta de interromper a transmissão local de malária foi alcançada através de uma combinação de compromisso político forte, intensificação da deteção e vigilância dos casos de malária, estratégias integradas de controlo do mosquito que transmite a doença, com o envolvimento da comunidade, colaboração entre países e comunicação com as populações de risco.
A certificação oficial da eliminação da malária é dada pela OMS quando um país regista zero casos de malária adquirida localmente durante pelo menos três anos consecutivos.
"A região europeia foi declarada livre de malária na base da situação atual e da probabilidade de a eliminação poder ser mantida. Isto significa que não podemos baixar a guarda nesta doença", disse o diretor de doenças comunicáveis e segurança da saúde da OMS Europa, Nedret Emiroglu.
O responsável lembrou que a experiência mostra que a malária se espalha rapidamente, pelo que, se os países não ficarem vigilantes e não responderem rapidamente, "um único caso importado pode resultar no ressurgimento da malária" na Europa.
Com efeito, a região europeia já tinha sido declarada livre de malária em 1975, depois de um programa de erradicação lançado pela OMS, mas no final dos anos 80 e início dos 90, a transmissão local da doença tinha recomeçado no Cáucaso, nas repúblicas centro-asiáticas e, com menos gravidade, na Rússia.
Na Turquia, o grande aumento do número de casos registado nos anos 90 foi associado à entrada de numerosos refugiados iraquianos que fugiam da primeira guerra do golfo.
Entre 21 e 22 de julho, a OMS vai organizar a primeira reunião de alto nível para a prevenção da reintrodução da malária, em Ashgabat, Turquemenistão.
A nível global, 3,2 mil milhões de pessoas, quase metade da população mundial, vivem em zonas onde a malária é endémica.
Em 2015, registaram-se 214 milhões de casos e 438.000 mortes por malária, a grande maioria (90%) na África Subsaariana, números que representam uma redução de 37% (na incidência) e 60% (na mortalidade) face a 2000.
A malária é provocada por um parasita que é transmitido aos humanos pela picada de um mosquito. Os primeiros sintomas são febre, dores de cabeça, arrepios e vómitos, e sem tratamento a doença pode tornar-se grave e provocar a morte.
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