A FDA concluiu que a empresa, que dominou o mercado no fim da década de 2010 com os seus vaporizadores em forma de pendrive e as suas recargas de nicotina com sabor de frutas e doces, não foi capaz de demonstrar que a comercialização dos seus produtos foi "adequada para a proteção da saúde pública".

Após esta decisão, "a empresa deve deixar de vender e distribuir" os produtos que atualmente têm autorização e aqueles que estão nas lojas "devem ser retirados".

A agência concluiu que é preciso uma revisão de dois anos dos produtos comercializados pela empresa para garantir que existem benefícios para saúde dos adultos, inclusive a ajuda a parar de fumar cigarros tradicionais.

Em janeiro de 2020, a FDA considerou ilegal a venda de vaporizadores com sabores aromatizados, autorizando apenas os de tabaco ou mentol.

A agência aprovou alguns produtos relacionados com cigarros eletrónicos de outros fabricantes, como Reynolds American, atual líder de mercado, NJOY e Logic Technology Development.

Esta medida "para garantir que todos os produtos de cigarros eletrónicos e sistemas eletrónicos de fornecimento de nicotina que são comercializados produtos (...) cumpram os padrões de saúde pública", disse o comissário da entidade, Robert Califf, em comunicado.

A FDA não considera que os produtos da Juul apresentem um "risco imediato", mas estima que a empresa não forneceu dados suficientes para poder avaliar "os possíveis riscos toxicológicos".

A Juul Labs anunciou que irá recorrer da decisão. "Não estamos de acordo com as descobertas e a decisão da FDA. Continuamos a acreditar que fornecemos informações suficientes e dados baseados em investigação de alta qualidade para abordar todas as questões levantadas pela agência", declarou em comunicado o diretor de regulamentação da Juul, Joe Murillo.

A start-up con sede em San Francisco é acusada de ter grande participação no aumento do hábito do 'vaping' entre os adolescentes, com anúncios e ações de marketing dirigidas especialmente para alunos do ensino médio.

Em 2019, a Juul suspendeu as vendas dos cigarros saborizados, popular entre os jovens, e comprometeu-se a rever a sua estratégia de mercado.

Uma proibição pouco segura

Os produtos da Juul "existem apenas para que os fumadores adultos façam a transição dos cigarros combustíveis", disse o presidente-executivo, KC Crosthwaite, no site da empresa, acrescentando que está "a trabalhar arduamente" para reconstruir s sua reputação após uma "erosão de confiança nos últimos anos".

O impacto da decisão da FDA está "longe de ser seguro", diante da probabilidade de um recurso, estimou a consultora Goldman Sachs, numa análise publicada antes do anúncio. "Já existem vários precedentes de revogação de ordens deste tipo", afirmou.

A Juul tem atualmente em torno de 36% de participação no mercado de cigarros eletrónicos dos Estados Unidos. Antes das ações restritivas da FDA sobre os cigarros com sabor, a marca detinha 70% do mercado, segundo a nota da Goldman Sachs.

Na terça-feira, o governo do presidente Joe Biden anunciou que  vai desenvolver uma nova política para exigir que os produtores de cigarro reduzam o nível da nicotina a níveis não-viciantes.

A empresa de tabaco americana Altria, que detém 35% das ações da Juul Labs, estima que no final de 2021 a start-up valia 5 mil milhões de dólares.

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