29 de maio de 2013 - 16h31
Um estudo da Universidade de Coimbra, hoje divulgado, aponta para uma “correlação evidente” entre a taxa de suicídio e o grau de ruralidade, densidade populacional e o nível de rendimentos mensais.
A equipa multidisciplinar, liderada por Manuela Alvarez, do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra (UC), analisou 197 suicídios ocorridos no distrito de Coimbra, entre 2000 a 2004, e 16.497 suicídios registados nas sub-regiões NUTS III (Unidades Territoriais definidas pelo INE para fins Estatísticos), de Portugal Continental, entre 1991 e 2010.
Os resultados revelam que, “entre os anos 2000 e 2004, os homens contribuíram com 80,2% dos óbitos por suicídio e as mulheres com 19,8%. O número de suicídios foi maior em populações residentes em freguesias mais rurais, populações mais isoladas e com rendimentos mais baixos”.
Os primeiros resultados do estudo, desenvolvido no âmbito das implicações das desigualdades sociais na saúde, vão ser apresentados em Coimbra, na sexta-feira e no sábado, durante um encontro científico.
“Sobre a distribuição dos óbitos por concelho, por 100 mil habitantes, o estudo mostrou uma distribuição heterogénea, com os concelhos do interior, Tábua, Góis e Penela, a registarem taxas de suicídio mais elevadas. Montemor-o-Velho foi o concelho do litoral que registou maior prevalência de suicídios”, esclarece ainda o comunicado da UC.
Este estudo revela ainda que, “no que respeita à faixa etária, em praticamente todos os concelhos a maior parte dos suicídios vitimaram pessoas com mais de 65 anos, à exceção dos municípios de Penela e Vila Nova de Poiares, que apresentaram maior prevalência na população mais jovem, entre os 15 e os 24 anos de idade. O tipo de lesão mais frequente em homens e mulheres foram o enforcamento e o envenenamento com pesticidas”.
Para Manuela Alvarez, citada na nota hoje divulgada pela Universidade de Coimbra, “estes resultados devem ser considerados na interpretação da variação dos valores da taxa de suicídio ao longo do tempo e do espaço e, deste modo, contribuir para o esforço de clarificação da problemática do suicídio em contexto social”.
O encontro, durante o qual serão conhecidos outros estudos da área da Antropologia Biológica, pretende apresentar a mais recente investigação que tem vindo a ser desenvolvida neste campo, destacando a Antropologia Forense, a Genética de Populações, a Ecologia Humana, a Primatologia, a Evolução Humana e o estudo das Populações do Passado.
Lusa