Mais de 30 por cento dos alunos universitários do Porto consome medicamentos psicotrópicos e afirma não ter prazer nas coisas que faz na vida, revela um estudo da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental (SPESM).
“Há um consumo muito elevado de ansiolíticos, de hipnóticos, de antidepressivos”, revelou à Lusa o presidente da SPESM, Carlos Sequeira, explicando que aquele consumo elevado de medicamentos se relaciona com um aumento de “estados de ansiedade”, “do risco do suicídio” e “questões de isolamento”.
A investigação realizada em instituições do ensino superior do Porto, desde 2010, indica que 44,5 por cento dos estudantes inquiridos (1.800 na totalidade) referem ingerir produtos farmacêuticos.
No tipo de substância, 20,8 por cento da amostra ingere tranquilizantes, 7,7 por cento ingere sedativos e 5,1 por cento consome hipnóticos.
O estudo indica também que 8,4 por cento dos inquiridos fuma e 7,6 por cento consome álcool, sendo que 33,3 por cento iniciou o seu consumo aos 14/15 anos, 38,1 por cento iniciou aos 16/17 anos e 28,6 por cento iniciou a partir dos 18 anos.
Dos estudantes com hábitos de ingestão alcoólica, 19 por cento referem consumos todos os dias e 52,4 por cento referem consumos regulares aos fins de semana e em situações específicas. Os restantes estudantes (26 por cento) ingerem bebidas alcoólicas só em situações específicas, como em festas ou em alguns fins de semana.
O trabalho de investigação incidiu nos dados dos estudantes de licenciatura e, em termos globais, o estudo avaliou a saúde mental dos estudantes em três componentes principais: consumo de substâncias lícitas e ilícitas, através do European School Survey on Alcohol and other Drugs, vulnerabilidade mental e a saúde mental positiva.
O estudo é “pouco animador em termos da saúde mental dos estudantes”, classifica Carlos Sequeira, adiantando que o trabalho vai ser apresentado no Porto, no III Congresso Internacional da SPESM, que arranca a 10 de outubro, Dia Mundial da Saúde Mental.
A SPESM defende que uma “primeira ajuda emocional” com o envolvimento de toda a comunidade – colegas de trabalho, família - poderia ajudar a dar uma resposta às doenças mentais leves, evitando muitos problemas de ansiedade.
“As doenças mentais em Portugal são identificadas muito tardiamente. Em Portugal, o nosso principal problema é na falta de prevenção ao nível da comunidade, porque os tratamentos realizados são muito similares aos países da União Europeia (UE)”, refere Carlos Sequeira.
A prevalência de doenças mentais em Portugal é superior (23 por cento) à média da UE (17 por cento), designadamente na prevalência da ansiedade (16,5 por cento).
4 de setembro de 2012
@Lusa
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