As drogas sintéticas estimulantes são uma das principais preocupações das autoridades que vigiam o consumo de estupefacientes na Europa, com mais novas substâncias descobertas já este ano do que durante todo o ano passado.

Esta é uma das conclusões do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), que no seu relatório anual, divulgado hoje em Lisboa, indica que os estimulantes tradicionais, como a cocaína, o ecstasy e as anfetaminas, "competem com um crescente número de drogas sintéticas" como as catinonas.

O ritmo a que são descobertas novas drogas sintéticas é de "quase uma por semana" e só em 2012 já foram descobertas 50, quando em 2011 já tinha sido quebrado o recorde dos anos anteriores, com 49 novas substâncias psicoativas.

"Mais do que nunca, os jovens estão expostos a uma multiplicidade dessas substâncias em pó e em comprimidos", salientou o diretor do Observatório, Wolfgang Götz, acrescentando que os consumidores vêem estas drogas como "intercambiáveis" e compram conforme o preço, a disponibilidade e a pureza, que variam muito.

Uma dessas drogas, a metilanfetamina (ou 4-MA), está na mira das preocupações do OEDT por suspeita de mortes associadas ao seu consumo na Bélgica, Holanda e Reino Unido e por não ser ainda uma substância controlada na maioria dos países europeus.

Wolfgang Götz defende que é preciso "melhorar as análises forenses e toxicológicas" a estes produtos e centrar os tratamentos também nos que procuram ajuda por problemas relacionados com o seu consumo, uma vez que os riscos a eles associados "nem sempre são bem conhecidos pelos consumidores".

Apesar da multiplicação dos estimulantes sintéticos, o OEDT salienta que a cocaína continua a ser a segunda droga mais consumida na Europa - a seguir ao cannabis -, estimando-se que cerca de quatro milhões de europeus (1,2% da população) a tenha consumido no último ano.

O OEDT considera no entanto que a droga está a "perder popularidade e a imagem de droga de estatuto elevado'", apoiando-se em dados como a descida do consumo nos cinco países com consumo mais alto: Irlanda, Dinamarca, Espanha, Itália e Reino Unido

Em Portugal, no período entre 2007-2008 e 2010, o número de consumidores de cocaína a iniciar tratamento pela primeira vez baixou 40 por cento.

Quanto a estimulantes como as metanfetaminas, aumenta a sua disponibilidade na Europa, com o número de apreensões a crescer de 100 para 600 quilos entre 2005 e 2010.

O OEDT salienta que se multiplicam novos e desconhecidos compostos químicos vendidos como "novas drogas", algumas delas no circuito das "drogas legais" ou "legal highs", composto por produtos vendidos em alguns casos como adubos para plantas ou ervas aromatizantes.

No relatório destaca-se o "número recorde" de lojas na internet a vender este tipo de produtos - canabinóides, cogumelos alucinogénios, kratom (um alcaloide) e catinonas (estimulante) são dos mais populares -, com 693 lojas identificadas contra apenas 170 em 2010.

Embora os dados sobre o uso destas novas drogas sejam escassos, um estudo feito no ano passado indicava que cinco por cento dos jovens entre os 15 e os 24 anos já as tinham experimentado.

15 de novembro de 2012

@Lusa