A possibilidade de o psicodrama, enquanto técnica individual de grupo, "ajudar a minimizar o sofrimento" das pessoas em tempo de crise vai ser debatida num congresso nacional a realizar na Lousã, entre sexta-feira e domingo.

"Cada vez mais as pessoas pedem auxílio, porque não conseguem lidar sozinhas com estes problemas todos", disse hoje à agência Lusa a psiquiatra Paula Carriço, da organização do 11.º Congresso Português de Psicodrama.

Organizado pela Sociedade Portuguesa de Psicodrama (SPP) e com o tema "A crise e a mudança", o congresso tem como objetivo "a partilha de experiências, a nível nacional e internacional", entre psiquiatras, psicólogos, técnicos de serviço social e outros profissionais das áreas social e da saúde, referiu.

Segundo Paula Carriço, dirigente da SPP, a organização, ao escolher aquele tema, quis sublinhar que "a crise pode implicar criatividade e vontade de mudança", sendo os cidadãos desafiados a reagir e participar.

O psicodrama, tal como o sociodrama, "não traz soluções mágicas, mas pode ajudar as pessoas, em grupo, a encontrar algumas alternativas, minimizando o sofrimento individual e coletivo", nas famílias, como nos hospitais, empresas e outras instituições públicas e privadas.

No congresso da SPP, serão discutidas as aplicações do psicodrama, uma técnica inventada na Áustria, em meados do século XX, pelo médico de origem romena Jacob Levi Moreno (1892-1974), que procurou demonstrar a eficácia da improvisação de cenas dramáticas em diferentes situações que exigem terapia.

"Cada membro do grupo é um agente terapêutico para um ou outro membro, os pacientes auxiliam-se mutuamente. O grupo é considerado como uma unidade agindo globalmente", escreveu Jacob Levi Moreno, na obra "Psicoterapia de grupo e psicodrama", editada em 1959.

O psicodrama foi introduzido em Portugal, em finais do século passado, pelo brasileiro Alfredo Soeiro, que participará nos trabalhos.

Nalguns hospitais públicos portugueses, o psicodrama já é disponibilizado "como mais uma proposta terapêutica", no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, disse Paula Carriço, sendo também assegurado em consultórios privados.

"Há atualmente 20 a 30 grupos ativos no país, podendo cada um deles reunir seis a oito pessoas", acrescentou.

Enraizados sobretudo nas Américas, designadamente nos Estados Unidos, Brasil, Chile e Argentina, o psicodrama e o sociodrama "estão menos divulgados" na Europa, incluindo na Áustria, onde surgiu este método terapêutico, e na Roménia, de onde era natural o seu fundador, Jacob Levi Moreno.

Os trabalhos do congresso começam na sexta-feira, às 15:30, com um 'workshop' intitulado “Psicodrama moreniano: conceitos básicos. Psicodrama público, aprender fazendo”, dinamizado por Alfredo Soeiro.

A abertura oficial está marcada para as 17h00, com intervenções de Gabriela Moita, Pio de Abreu, Teixeira de Sousa, Luísa Vicente e Louzã Henriques, além do presidente da Câmara Municipal da Lousã, Luís Antunes.
No domingo, último dia do congresso, às 09:30, o inglês Chris Farmer dinamiza a sessão "Psicodrama na interação a dois: psicodrama casal".

8 de novembro de 2012

@Lusa