
Angola contabilizou mais 70 casos suspeitos de febre-amarela na última semana de julho, metade do registado no mesmo período anterior. Até 28 de julho registavam-se no país 3.818 casos suspeitos de febre-amarela, dos quais 879 foram laboratorialmente confirmados, o mesmo acontecendo com 119 dos óbitos, segundo a OMS.
A epidemia, que começou a 05 de dezembro em Luanda, alastrou para a vizinha República Democrática do Congo (RDCongo) - com 2.051 casos suspeitos e 95 vítimas mortais até 27 de julho -, decorrendo no terreno, com o apoio da OMS, várias campanhas de vacinação contra a febre-amarela.
"Espera-se a vacinação adicional de mais de 17 milhões de pessoas, em campanhas que deverão ter lugar nos dois países antes do início da época das chuvas nesta região, em setembro", explica a OMS em comunicado.
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A transmissão da doença é feita pela picada do mosquito (infetado) "aedes aegypti" que, segundo a OMS, no início desta epidemia, estava presente em algumas zonas de Viana, Luanda, em 100% das casas.
Trata-se do mesmo mosquito responsável pela transmissão da malária, a principal causa de morte em Angola, e que se reproduz em águas paradas e na concentração de lixo, dois problemas (época das chuvas e falta de limpeza de resíduos) que afetaram a capital angolana entre agosto e maio.
Aquela organização das Nações Unidas recorda que pelo menos 42 países são endémicos para a febre-amarela e enfrentam epidemias com regularidade. Contudo, recorda, a transmissão em 2016 foi "explosiva" e esgotou a normal capacidade de resposta de vacinas, que é de seis milhões de doses em permanência.
"Este aumento de casos de febre-amarela deve-se provavelmente à invulgar gravidade do fenómeno "El Niño", que levou a uma maior densidade do que o habitual dos mosquitos que transmitem a doença", reconhece a OMS.
Devido às proporções que a epidemia tomou, mais de 16 milhões de pessoas nos dois países já foram vacinadas contra a febre-amarela desde fevereiro.
Para gerir as quantidades disponíveis, a OMS refere que será administrada um quinto da dose normal da vacina contra a febre-amarela aos 8,5 milhões de habitantes de Kinshasa (capital da RDCongo) que ainda aguardam vacinação.
"Estudos demonstram que esta dose de ?emergência' será suficiente para fornecer uma efetiva imunidade contra a febre-amarela, pelo menos durante 12 meses ou mais", conclui a OMS.
Com Lusa
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