O ensaio, da autoria da investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA) Teresa Ferreira Rodrigues, mostra que o envelhecimento da pirâmide etária portuguesa nas próximas décadas não deverá resultar numa maior pressão sobre o sistema nacional de saúde, em especial porque a população envelhecida será muito diferente da de hoje.

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Para a investigadora e professora universitária, essa diferença assenta, sobretudo, em quatro aspetos: ao nível da qualificação; ao nível do acesso à informação e na capacidade de processamento dessa informação; ao nível dos hábitos e estilos de vida quotidiano, diferentes também como consequência do melhor acesso à informação; e ao nível do rendimento, em média superior aos valores atuais.

A população portuguesa será mais envelhecida, mas também mais saudável e com melhores hábitos, recursos e informação. Segundo Teresa Rodrigues, as novas características da população portuguesa têm de ser interpretadas igualmente à luz do processo de envelhecimento geral, que é na verdade um triplo envelhecimento: há cada vez menos jovens, cada vez mais idosos e com idades mais avançadas e a população adulta ativa tem mais idade em média.

População muito idosa vai triplicar

As estatísticas comprovam este triplo envelhecimento e as suas consequências ao nível do sistema de saúde: até 2050, a população muito idosa (com mais de 85 anos) vai triplicar; a população jovem irá reduzir-se 26% e a população com mais de 65 anos vai duplicar. O cenário de envelhecimento geral da população portuguesa afetará também a população ativa, que é também a população contributiva.

investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA) Teresa Ferreira Rodrigues,
investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA) Teresa Ferreira Rodrigues, Teresa Ferreira Rodrigues, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA) créditos: DR

O ensaio adianta ainda que o maior envelhecimento da população terá os seus custos ao nível da saúde, mas que o prolongamento da esperança média de vida adia essa pressão sobre o sistema de saúde.

De acordo com a teoria “red herring”, o grosso da despesa de saúde que os indivíduos comportam ocorre nos seus últimos dois anos de vida. "Assim, os custos em prestação de cuidados de saúde tendem a ser adiados à medida que a esperança de vida continuará a aumentar nas próximas décadas", frisa o IPRI-NOVA em comunicado.

O ensaio conclui que perceber as novas características da população portuguesa será essencial para garantir a sustentabilidade e racionalidade das futuras reformas do sistema de saúde nacional.

Teresa Rodrigues argumenta que terá de se separar o que compete ao Estado e aos cidadãos, que deverão ser feitos ajustamentos no sistema de saúde para garantir a qualidade dos seus serviços e a facilidade e equidade de acesso, o que irá tornar necessário articular o envolvimento conjunto das entidades financiadoras, dos prestadores de serviços e dos cidadãos.