Um inquérito feito a quem doou o dinheiro para financiar as duas greves cirúrgicas dos enfermeiros no final de 2018 e início de 2019 decidiu recusar dar o que resta a instituições de solidariedade.
Com uma taxa de resposta de 19%, quase dois terços dos 4.862 votos (63,4%) decidiram não doar os mais de 200 mil euros que sobraram para ações de cariz solidário ou social.
Segundo os resultados do inquérito, os enfermeiros preferem "continuar a usar o dinheiro para a luta dos enfermeiros", cita a TSF.
Ao todo os enfermeiros angariaram nas duas campanhas de crowdfunding cerca de 780 mil euros.
Sublinhando os 63,4% dos votos, Nelson Cordeiro, promotor da iniciativa, acredita que a decisão de avançar com o questionário e de manter o montante alocado as despesas judiciais é "pacífica", porque os enfermeiros ainda não conseguiram ver cumpridas as suas reivindicações.
Segundo a TSF, a presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) está contra a decisão.
Lúcia Leite critica a taxa de resposta ao questionário - 19% - e acrescenta que ficam defraudadas as expectativas iniciais de muitos dos que contribuíram para o movimento, pois tinha sido dito que o dinheiro seria usado na greve ou, se sobrasse, doado a instituições de solidariedade.
Na altura da criação do crowdfunding, o PS informou que irira iniciar um processo de diálogo com outras forças políticas para a apresentação de um projeto que proibisse contribuições monetárias anónimas no "crowdfunding". Na altura, especulava-se sobre quem seria dos doadores. O PS queria que fossem conhecidos "os interesses que existem" subjacentes ao financiamento da "greve cirúrgica" dos enfermeiros, disse na altura o vice-presidente da bancada socialista João Paulo Correia.
"Temos de ter um diálogo com outros grupos parlamentares, quer à esquerda, quer à direita. Devemos encontrar um mecanismo de que permita maior transparência", defendeu.
Luta dos enfermeiros: o que reivindicam?
Os enfermeiros têm apresentado queixas constantes sobre a falta de valorização da sua profissão e sobre as dificuldades das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde. Pretendem uma carreira, progressões que não têm há 13 anos, bem como a consagração da categoria de enfermeiro especialista.
Segundo os sindicatos, os enfermeiros levam para casa menos de mil euros líquidos por mês e cumprem muitas horas extraordinárias que não lhes são pagas.
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