Segundo uma auditoria do Tribunal de Contas, divulgada no dia 17 de outubro, 2605 pessoas que se encontravam em lista de espera perderam a vida durante o ano passado sem nunca chegarem a ser operadas.

Em comunicado, a Ordem dos Enfermeiros denuncia também a “limpeza das listas de espera” através de actos administrativos ordenados pela Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACSS).

"Julgo ser importante que o Ministério Público apure se existe ou não responsabilidade criminal da tutela, para salvaguarda do SNS e da vida dos portugueses. O tempo da vida não pode ser o tempo da política. E as decisões políticas não são imunes à acção da Justiça”, defende a Bastonária, Ana Rita Cavaco, numa carta enviada à procuradora‐geral da República, Joana Marques Vidal, da qual foi dada conhecimento ao Presidente da República e à Assembleia da República.

“Não sei se a acusação do Tribunal de Contas configura um crime, mas entendo que deveria haver uma investigação para cabal esclarecimento da verdade”, refere ainda a Bastonária, manifestando‐se contra a composição do grupo de trabalho formado pelo Ministério da Saúde para analisar os dados revelados pelo Tribunal de Contas.

“A Ordem dos Enfermeiros não vai solicitar a sua integração neste Grupo, até porque considera que ele está ferido à partida pela sua composição. Quem avaliar esta questão tem de estar completamente fora das profissões da saúde e ter provas dadas de isenção e independência na área da auditoria financeira e de saúde”, entende a Bastonária, Ana Rita Cavaco.