7 de junho de 2013 - 16h09
A Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses contesta o reaproveitamento de dispositivos médicos cirúrgicos de utilização única, aprovada pelo ministério da Saúde, que a associação considera um “atentado”.
A 30 de maio, o Ministério da Saúde fez publicar em Diário da República um despacho sobre os dispositivos médicos de uso único reprocessados, “com o objetivo de estabelecer as condições de adequada segurança que permitam alcançar poupanças indispensáveis para continuar a disponibilizar terapias e tecnologias inovadoras”, refere o documento.
Segundo pode ler-se no despacho, assinado pelo secretário de Estado da Saúde, “a decisão sobre a utilização de dispositivos médicos de uso único reprocessados deve avaliar o custo-efetividade dessa prática, quando realizada em condições adequadas de qualidade e segurança, bem como ter em conta os custos diretos e indiretos e o seu impacto ambiental”.
Para a Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses (AESOP), o reprocessamento dos dispositivos médicos é um “verdadeiro atentado à saúde pública”, exigindo por isso a divulgação dos estudos de custo/benefício que fundamentam decisão do Ministério da Saúde.
“Não existiu qualquer divulgação de estudos de custo/benefício que fundamentem esta decisão”, critica, em comunicado, a AESOP para a qual “esta atividade continua envolta numa informação contraditória, sem transparência, não sendo conhecida evidência científica que assuma a segurança dos doentes”.
Para o vice-presidente da associação, Manuel Valente, o “reprocessamento dos Dispositivos Médicos de Uso Único representa um verdadeiro atentado à saúde dos doentes”, lembrando que “os dispositivos médicos invasivos, pelas suas características de desenho, fabrico e utilização no procedimento cirúrgico – são introduzidos no interior do corpo – são os que determinam riscos incontroláveis para os doentes”.
“Ora, esta prática não está de acordo com a cultura de segurança em que nós acreditamos, nem de acordo com as instruções da Comissão Europeia”, explica Manuel Valente.
O responsável teme ainda que as consequências desta prática possam ser “desastrosas” para os doentes e “com total prejuízo para o processo de cuidados”, pelo que “os enfermeiros de sala de operações reservam-se o direito de preservar a segurança e de não colaborar em processos que visem o reprocessamento” dos dispositivos.
Lusa