
Dados apontam para que a endometriose afete 10% das mulheres em idade reprodutiva e, dessa percentagem, estima-se que 30 a 50% venha a sofrer algum tipo de infertilidade. Trata-se de uma doença inflamatória crónica, que se caracteriza por um crescimento anormal do tecido endometrial fora do útero. “A endometriose é muitas vezes subdiagnosticada, sendo um dos principais desafios precisamente a normalização dos sintomas — como as ‘dores menstruais’ — que, quando intensas ou incapacitantes, não devem ser ignorados”, alerta Mónica Gomes Ferreira, ginecologista e cofundadora da MS Medical Institutes. De acordo com a mesma especialista, “quando existe suspeita de endometriose, há que preparar a consulta de ginecologia de forma informada e estruturada o que pode fazer toda a diferença no caminho para o diagnóstico e tratamento. A preparação permite que a consulta seja mais produtiva e centrada nas reais necessidades da mulher”.
Como se preparar para a consulta
- Levar um diário de sintomas com registos de dor (intensidade, frequência, localização), alterações menstruais, desconforto gastrointestinal ou urinário, fadiga e impacto no dia a dia;
- Anotar o histórico clínico, incluindo outras condições ginecológicas, tratamentos prévios, historial familiar de endometriose ou infertilidade;
- Recolher exames anteriores, como ecografias, análises ou relatórios de urgência;
- Listar dúvidas ou preocupações para não esquecer nada durante a consulta.
Perguntas-chave a colocar ao ginecologista
- Os meus sintomas podem estar relacionados com endometriose?
- Que exames são indicados no meu caso e quando devem ser feitos?
- A ecografia transvaginal com preparo intestinal é adequada para mim?
- É necessário fazer uma ressonância magnética pélvica?
- A laparoscopia diagnóstica é recomendada? Quais os riscos e benefícios?
- Que opções de tratamento existem e quais são mais indicadas para o meu caso?
- A endometriose pode afetar a minha fertilidade? Como posso agir preventivamente?
Exames que podem ser discutidos
- Ecografia transvaginal especializada, de preferência realizada por um profissional com experiência em endometriose, podendo incluir preparação intestinal;
- Ressonância magnética pélvica, útil para avaliar lesões mais profundas (endometriose infiltrativa) e mapear os órgãos afetados;
- Laparoscopia diagnóstica, considerada o “padrão ouro” no diagnóstico, pois permite observar diretamente os focos de endometriose e, em muitos casos, tratá-los no mesmo procedimento. No entanto, é uma técnica invasiva e só deve ser indicada quando os benefícios superam os riscos.
“Estar bem informada e envolvida no processo de decisão ajuda não só a obter um diagnóstico mais rápido, como também a escolher o plano terapêutico mais adequado ao estilo de vida e objetivos de cada mulher — seja controlo da dor, preservação da fertilidade ou melhoria da qualidade de vida”, alerta Mónica Gomes Ferreira.
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