
“Um dos dois obstetras faltou e para o serviço funcionar têm que estar os dois profissionais”, justificou o presidente do conselho de administração da ULSNA, João Moura Reis, em declarações à agência Lusa.
De acordo com uma circular interna a que a Lusa teve acesso, o serviço de urgência de obstetrícia/ginecologia do hospital de Portalegre esteve encerrado entre as 08:00 de domingo e as 08:00 de segunda-feira, tendo os serviços sido diferidos durante esse período para o hospital de Évora, que fica a 100 quilómetros de distância.
“Para haver uma urgência de obstetrícia tem de haver dois obstetras, nós só tínhamos um e o outro faltou. Não houve capacidade de recrutar um num curto espaço de tempo e, portanto, não podíamos desenvolver as necessárias formalidades para poder atender as grávidas”, acrescentou.
Segundo João Moura Reis, o hospital “tinha capacidade” para desenvolver o serviço de urgência interna, “mas não” era possível “atender” as grávidas em serviço de parto.
“Não vale a pena nós perdermos tempo a internar para, depois, fazer a transferência”, disse.
Administração culpa os médicos prestadores de serviços
O presidente do conselho de administração da ULSNA garantiu ainda que se tratou de uma situação “isolada” e que “não é recorrente” este tipo de casos acontecerem.
“Quem falta são sempre os prestadores (médicos contratados através de empresas), nós não temos poder hierárquico sobre eles”, lamentou.
Num comunicado enviado à Lusa, a Direção da Organização Regional de Portalegre (DORPOR) do PCP considera esta situação “inaceitável”, lamentando que não tenham sido prestados os “devidos esclarecimentos”, através da circular interna, sobre o que levou ao encerramento do serviço.
“O secretariado da DORPOR do PCP, ao ter conhecimento da interrupção do serviço de urgência de obstetrícia/ginecologia, no Hospital Distrital de Portalegre, por 24 horas, sem os devidos esclarecimentos, receia que possa ser prenúncio para outros constrangimentos ao direito constitucional à saúde”, lê-se no documento.
Nesse sentido, o PCP considera “inaceitável” esta situação e espera que, no futuro, “não se repitam nesta ou noutra área” da saúde casos idênticos.
A ULSNA gere os hospitais de Portalegre e Elvas e os 16 centros de saúde existentes nos 15 concelhos que compõem o distrito de Portalegre.
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