Imaginem uma empresa que muda constantemente de líderes. Os projetos não avançam, a equipa perde a motivação e os clientes fogem. Agora, substitua “empresa” por “país” e terá uma imagem fiel de Portugal em 2025. De crise em crise, de escândalo em escândalo, o país parece preso num ciclo interminável de instabilidade política. E, no meio desta tempestade, uma pergunta ecoa, os Portugueses querem é que o país avance e o seu nível de vida melhore.

Apesar da paralisia política, Portugal tem motivos para se orgulhar. O Serviço Nacional de Saúde continua a ser um dos melhores do mundo, e o sistema educativo, apesar dos desafios, mantém-se bem posicionado a nível internacional. Mas imaginem o que poderíamos alcançar com uma liderança forte, capaz de tomar decisões firmes e aplicar os fundos europeus de forma eficaz. Em vez disso, adiamos reformas, desperdiçamos oportunidades e deixamos que a corrupção mine a confiança dos cidadãos.

Corrupção: Portugal a Afundar-se no Ranking

Os números falam por si: em 2025, Portugal atingiu o pior resultado de sempre no Índice de Perceção da Corrupção, caindo para a 43.ª posição entre 180 países. Desde 2015, temos descido consecutivamente neste ranking. Nada muda. E, pior, estamos prestes a entrar numa nova crise global, com uma possível necessidade de construir um exército europeu, enquanto os Estados Unidos dão sinais de afastamento. Num mundo cada vez mais instável, Portugal precisa de lideranças fortes. Olhemos não para o que nos divide, mas para o que nos une: queremos mudanças e decisão.

Eleições Antecipadas: Solução ou Mais do Mesmo?

O país está, mais uma vez, à beira de um momento de instabilidade: eleições antecipadas parecem inevitáveis. Hoje, Luís Montenegro disse que “o país precisa de clarificação política”. Mas vamos ser sinceros: quem trabalha, paga impostos e sustenta este país não quer clarificação política, quer governação. Quer ação. A cada novo ciclo eleitoral, é a mesma história: as promessas multiplicam-se, os discursos inflamam-se, mas, quando chega a hora de agir, adiamos reformas, deixamos oportunidades escapar e desperdiçamos fundos que poderiam mudar o rumo do país.

Temos milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) à nossa disposição, para a saúde, educação, infraestruturas…. Mas a pergunta que todos fazemos é: será que os vamos aproveitar? Ou vamos repetir os erros do passado, deixando que a burocracia e a inércia nos roubem mais uma vez o futuro? Portugal não pode continuar refém de jogos políticos, de taticismos eleitorais ou da corrupção que teima em minar as bases da nossa democracia. Reformas estruturais não podem ser adiadas ao sabor das sondagens ou dos interesses partidários. Mas, hoje, o que nos falta? Falta-nos decisão. Falta-nos coragem. Falta-nos, acima de tudo, uma liderança que governe de verdade, que coloque o país acima dos partidos e que não adie mais o futuro. Enquanto isso, as eleições antecipadas aproximam-se, a crise política agrava-se e a corrupção continua a corroer a confiança dos cidadãos. Portugal está em risco de ficar parado outra vez – e desta vez, o preço da inação pode ser demasiado alto.

E o que deve pensar o português comum ao ver casos que levantam dúvidas sobre a integridade das instituições ou processos que se arrastam na justiça durante anos, sem resolução? Que valores devem nortear a nossa confiança no sistema? É difícil acreditar na justiça, na transparência e na integridade quando casos emblemáticos parecem ficar impunes ou arrastam-se indefinidamente, sem conclusão. O cidadão comum sente-se desamparado, descrente e, pior, começa a normalizar o que nunca deveria ser normal: a ideia de que a corrupção é inevitável e que os poderosos estão acima da lei.

Portugal precisa de respostas. Precisa de justiça célere e transparente, de líderes que inspirem confiança e de instituições que funcionem para servir o povo, e não para se servirem a si mesmas. Enquanto isso não acontecer, continuaremos a ver a credibilidade do país a desmoronar-se e o futuro a ser adiado.

Este é um país de marinheiros, de descobertas, de desafios superados. Fomos pioneiros na ligação entre mundos, na exploração de novos horizontes. Mas, hoje, parece que estamos parados no porto, sem rumo, sem bússola. Um país que já foi exemplo de coragem e visão não pode afundar-se na indecisão, na desconfiança e na falta de liderança. Precisamos de decisões firmes, de um rumo claro, de uma governação que nos faça voltar a acreditar.

Senão, em vez de partirmos para o mar das descobertas, como já o fizemos no passado, arriscamo-nos a ficar à deriva – e isso seria uma traição à nossa história e ao nosso potencial. Afinal, não somos apenas um dos países mais antigos do mundo; somos um povo que já provou ser capaz de enfrentar tempestades e chegar a novos mundos.