Hoje, valorizamos muito a nossa Saúde e os recursos que temos disponíveis ou a falta deles, quando episódios de doença ou epidemia/pandemia acontecem.

É certo também que ao longo dos tempos, conceitos, respostas, financiamentos e políticas se foram alterando, nem sempre para melhor, na imediata resposta às necessidades dos Cidadãos e Comunidades, mas essencialmente, estas alterações sentiram-se na parte economicista contrapondo-se com o custo/benefício das respostas em/à Saúde, muito mais curativa e de reinserção e muito menos Preventiva e Pedagógica.

Face a novas realidades de vivência quotidiana, mobilidade geográfica, sistemas de saúde diferentes nas suas abordagens holísticas, como na modernidade, investigação científica, importância e investimento que os diferentes Estados lhe dão, será que é oportuno falar numa dimensão de Eco-Saúde? E que desafios daqui resultam ou podem colocar a Eco-Saúde à Saúde em geral e Saúde Comunitária, em particular? E como utilizar a Inteligência Artificial (IA) como charneira entre a Saúde Comunitária e a Eco-Saúde?

Parece-nos que a IA vai ser muito importante, crucial até, na avaliação, construção de algoritmos e propostas de trabalho, no tratamento de um enormíssimo volume de dados, indicadores e resultados de Saúde e Ambientais. Depois, numa leitura atenta dos resultados e indicadores, poderá acontecer uma rápida e precoce identificação de vulnerabilidades e de riscos a vários níveis, permitindo à Saúde Pública, à Política e aos decisores Políticos, a avaliação e monitorização de possíveis impactos na Saúde das Populações e no meio Ambiente, possibilitando programas de saúde e opções políticas adaptadas às reais condições das Comunidades, das Populações e necessidades locais.

Na dimensão Saúde Comunitária e Eco-Saúde, este vector, vai ter uma importância vital no futuro, se daí resultar a preocupação e a construção de ambientes saudáveis e sustentáveis, com espaço obrigatório e firme na promoção de uma Saúde Pública, onde as Pessoas e Ambiente contem, efectivamente, no desenvolvimento de uma Saúde preventiva.

Para além da Saúde Comunitária e seus Profissionais, serão parceiros indispensáveis, as Autarquias Locais, sejam elas de dimensão municipal ou de freguesia e subindo até na dimensão para as Comunidades Intermunicipais, participando no diagnóstico de necessidades, no planeamento de intervenções e acções e na definição de prioridades definidas, para uma intervenção conjunta, sustentada em estratégias e políticas públicas de prevenção e preservação de um ambiente saudável, de desenvolvimento e de respostas efectivas às expectativas e necessidades das Populações. Isto porque há claramente uma interdependência entre a Saúde Humana e a qualidade ambiental (espaço social).

Esta visão e sensibilidade para os factores ambientais como influenciadores da dimensão social e econômica, terão consequências na sustentação e promoção da melhoria da qualidade de vida. Porque nunca poderemos esquecer que qualidade de produtos e hábitos alimentares, sedentarismo e meio ambiente poluído, têm uma relação directa, disso estamos convencidos, nas doenças oncológicas, doenças infeciosas, cárdio e cerebrovasculares e do foro respiratório. A Saúde Mental será com certeza a primeira e a mais afectada.

Recorrendo a uma disciplina, para muitos ignorada ou até inexistente – Geografia da Saúde – percebemos que a “interdependência entre indivíduos, organizações, grupos populacionais e os conflitos decorrentes da sua interacção com o ambiente”, são uma realidade, onde as Sociedades têm mais iliteracia em Saúde e, os valores da Saúde e do Ambiente também são baixos e diferentes, ou muitas vezes insignificantes.

Na nossa opinião e olhando para a Eco-Saúde, num pensamento sistémico, esta envolve-se no: Ser Homem, Na Natureza e na Saúde (Pública/Comunitária), que converge para o Homem, o Animal, e o Ambiente, confluindo-se e confrontando-se com o Social, a Ecologia e a Economia.

Toda esta vasta matéria não se esgota num mero artigo de opinião. A reflexão tem que ser mais ampla e profunda. A eficiência e a integração, na imensa amplitude que estes termos acomodam, no sentido de melhorar a qualidade de vida das Comunidades, criará pontos de agregação entre a Eco-Saúde, a Saúde Comunitária e a IA, criando e promovendo soluções que possam ser mais eficazes e sustentáveis na fruição e na promoção de bem-estar colectivo, na previsão e antecipação de crises na Saúde e catástrofes ambientais.

Porque todos queremos e desejamos Comunidades mais resilientes, com melhor qualidade de vida e consequentemente, menor risco de doenças, pensemos a Saúde, também, num Ecossistema com o apoio da Inteligência Artificial.