Não é pela passagem de ano que os factos se alteram por si só. Muito menos na Saúde!
Porque falamos mais sobre Saúde; Porque questionamos mais sobre as consequências ecológicas, económicas e sociais na Saúde; Porque os recursos são sempre escassos, face a tantas solicitações, de problemas do passado por resolver e novos que surgem a cada momento; Porque a Saúde está mais politizada, como nunca esteve e porque nos toca pessoalmente; A Saúde está na agenda política e do quotidiano de cada Cidadão.
Há questões da Saúde que são cada vez mais globais e não deste ou daquele País, desta ou daquela região e a mobilidade e a “Geografia da Saúde”, são cada vez mais demonstrativas dessa realidade.
Acreditamos que 2025 será um ano muito preenchido com questões da Saúde. Por um lado na implementação e consolidação de prioridades, governança na Saúde e opções do Governo, na mudança de Conselhos de Administração e alteração de filosofia de trabalho que as Unidades Locais de Saúde (ULS) estão a impor. Por outro lado, as inovações tecnológicas, avanços científicos e Inteligência Artificial (IA), nas mudanças demográficas e o que isto pode impactar nas condições de saúde e no acesso aos cuidados. E ainda, a importância dos Recursos Humanos, que cada vez mais escasseiam, emigram e mudam de profissão, face aos baixos salários, ao desgaste emocional e físico a que estão permanentemente sujeitos, e à falta de uma carreira que estimule a fixação destes profissionais, com maior preponderância para Enfermeiros e Médicos.
Vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, um olhar diferente sobre todas estas e outras questões da “Saúde” em particular e, da “Saúde Pública”, em geral. Poderemos atrever-nos a reflectir brevemente sobre algumas.
Doenças Crónicas e envelhecimento das Populações:
A População Portuguesa e também a mundial estão a envelhecer de forma acelerada. A “esperança de vida” vai aumentando e a natalidade diminuindo, com particular registo nos países desenvolvidos. Mas associada a esta realidade, há uma prevalência aumentada de doenças crónicas e toda a comorbilidade em torno da “diabetes tipo 2” das doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e neurodegenaritivas (ex: Alzheimer, Parkinson).
Saúde Mental e o bem-estar das Populações:
No estadio em que vivemos, podemos chamar à Saúde Mental, como a “patologia e a preocupação da modernidade”, porque esta afecta de forma crescente e preocupante, a População das diferentes faixas etárias.
As solicitações ao desempenho são muitas, o stresse é constante, a competitividade desde tenra idade está presente em cada momento, potenciando transtornos mentais, depressões, ansiedades e angústias.
O consumo de medicação, substâncias aditivas e estimulantes, está cada vez mais presente e afecta as Pessoas de hoje e de amanhã.
Será muito desafiante a resposta da “Saúde Mental” às necessidades dos Cidadãos e Populações, numa solução efectiva, mais próxima, numa abordagem terapêutica sem estigmas e onde o despertar para a doença mental, consciencialize em termos de “Saúde Pública”, esta existência e realidade.
A Eco-Saúde, a Saúde Ambiental e as Mudanças Climáticas:
A “Saúde” é de tal forma necessária, abrangente, exigente e multifactorial, que é sujeita a inúmeras pressões, criando a outras disciplinas a importância e implementação de inovações ao nível do pensamento, das atitudes e na obtenção de resultados.
As “mudanças climáticas” através das alterações de temperaturas, poluição do ar e da água, inundações e secas prolongadas, têm impacto directo nas condições de saúde das Populações, facilitando múltiplas doenças, infecções respiratórias e de vários foros. Noutro contexto importa um olhar minucioso e cuidado sobre a segurança alimentar, a qualidade dos produtos e o acesso ao consumo de água potável.
O comportamento colectivo do Cidadão e Nações, pode contribuir e muito, para a estagnação do aquecimento global, a diminuição dos gases e efeito de estufa e a consciencialização para o fortalecimento e implementação de políticas públicas de “Saúde Ambiental”.
Desigualdades no Acesso aos Cuidados de Saúde – O papel da IA e da Tecnologia:
A existência de condicionalismos geográficos, sociais e económicos, condiciona e muito o acesso aos cuidados de saúde, criando um fosso de desigualdades entre Cidadãos e Regiões. Esta é uma barreira difícil de transpor. Poderá a tecnologia, a IA e as teleconsultas facilitar e tornar mais integrador, os cuidados de saúde? Diminuir as diferenças no acesso e a realização de exames de diagnóstico?
A confiança assenta no potencial da tecnologia para esbater estas diferenças. A IA está aí para ajudar no tratamento de dados, nos diagnósticos mais precisos e rápidos e essencialmente, o mais desejável, que ajude a trabalhar a “Prevenção”.
Contudo, por mais que haja tecnologia moderna, IA cada vez mais presente, serão sempre precisos e necessários Profissionais de Saúde, com especialização diferenciada, com proximidade e humanismo, junto dos doentes e Famílias. Para além disso, outros desafios geográficos, bélicos, tecnológicos e ambientais se colocarão, no pensamento estratégico e de planeamento em Saúde a adoptar.
Para o cuidar e tratar de todas estas patologias, que exigirá um acompanhamento contínuo, implicará muitos Recursos Humanos e materiais, a ampliação dos cuidados domiciliários e o aproveitamento das novas tecnologias e IA para a monotorização dos doentes, desde o seu domicílio ou região. O modelo integrador, acessível e personalizado por um lado e, por outro, a promoção do bem-estar, das condições de saúde e a Prevenção, poderão ser a “chave” para responder a novos e velhos desafios e dar oportunidade ao potencial aproveitamento da inovação da ciência, pondo-a ao serviço do Cidadão.
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