1 de março de 2013 - 13h37
A necessidade de um maior investimento no conhecimento da dislexia por parte dos professores de educação especial foi hoje defendida por Fátima Almeida, uma docente que tem investigado esta perturbação que afeta milhares de estudantes.
“Há ainda bastante desconhecimento do que é a dislexia, mesmo entre os professores e mesmo entre os professores de educação especial”, defende Fátima Almeida, que no sábado apresenta em Viseu o livro “et al.”, em que aborda a temática da dislexia.
Na sua opinião, “estes alunos precisam muito de intervenção, porque têm muitas capacidades” e um potencial que não pode ser desperdiçado, sendo necessário “um investimento dos professores de educação especial nesta área”.
Fátima Almeida, especializada em educação especial e que tem dado aulas sobretudo a alunos disléxicos do 3.º ciclo e do secundário, admitiu que “a área da educação especial é vastíssima”.
“A especialização em educação especial implica horas e horas durante todo o ano e acaba por nunca se conseguir trabalhar todas as áreas”, afirmou.
Para a docente, o investimento num maior conhecimento sobre a dislexia justifica-se por esta ser “uma problemática que aparece com muita frequência nas escolas”.
“Quando tem alunos com dislexia o professor tem de tentar perceber se que aquilo que está a fazer é suficiente e tentar levar às escolas formação a esse nível”, defendeu, acrescentando que “a dislexia não tem cura, mas pode melhorar” com uma intervenção adequada.
Fátima Almeida explicou que um dos principais equívocos sobre a dislexia é a noção de que os alunos não compreendem o que leem “porque não têm capacidades cognitivas gerais”.
“Isso não é verdade. O problema está ao nível da descodificação, que os obriga a um grande esforço. Se, quando está a ler, troca constantemente palavras – como preto por perto -, que compreensão é que vai ter do texto?”, questionou.
“É a imagem de pessoas que querem ver uma paisagem mas têm um muro. Os altos conseguem ver para além do muro, mas os mais baixos não. Se todos tiverem bancos adaptados, uns mais altos, outros mais baixos, vão conseguir estar ao mesmo nível. Mas ninguém está em vantagem, é tudo uma questão de justiça”, frisou.
No seu entender, esses “bancos” podem ser a leitura do enunciado dos exames, mais tempo para os efetuar e a ficha A (que garante que os alunos não são penalizados por erros ou omissões na resposta escrita), conjugados com a intervenção que tem de ser feita na escola.
Lusa