"Aquilo que as sociedades internacionais de nutrição e pediatria nos dizem é que, desde que a dieta seja bem planeada e acompanhada quer pelo pediatra quer pelo nutricionista e reavaliadas com frequência, é possível de facto fazermos uma dieta vegetariana e vegana que seja nutricionalmente equilibrada para o crescimento da criança", frisa Simone Fernandes, nutricionista especializada em educação alimentar e alimentação sustentável, e convidada do terceiro episódio do Podcast "O importante é ter saúde" do SAPO Lifestyle.
Joana Martins, médica pediatra e convidada residente do programa, frisa que "não é à toa que se faz uma dieta destas à população infantil".
"É muito importante haver o acompanhamento por um pediatra que tenha alguma plasticidade e que se queira informar sobre este assunto, porque não é [um tema] nada abordado [durante o internato da especialidade]. Mas é possível", garante a médica no Podcast conduzido pelo jornalista Nuno de Noronha.
Segundo a nutricionista Simone Fernandes, quando se pensa em traçar um plano alimentar vegano ou vegetariano para crianças é preciso dar atenção a alguns nutrientes.
"Dentro dos macronutrientes, temos que nos preocupar essencialmente com as proteínas e com os ácidos gordos polinsaturados da família ómega 3", indica. "Dentro dos micronutrientes, temos de ter em atenção a vitamina B12, vitamina D, ferro, cálcio, zinco e iodo", nomeia ainda.
"Tendo em conta a fonte alimentar destes nutrientes, a dieta vegana pode deixar as crianças mais aquém [dos níveis desejáveis] destes nutrientes", admite a nutricionista, que refere que neste tipo de regimes alimentares mais restritivos as crianças podem ter de ingerir alimentos fortificados ou ser suplementadas.
"Estes suplementos existem, muitos deles à base de algas, mas de facto não em grande disponibilidade", adverte Simone Fernandes.
Relativamente às proteínas, o que os estudos dizem é que as crianças que fazem regimes alimentares como o vegano ou vegetariano raramente entram em défice proteico. No entanto, são conhecidas várias estratégias para evitar uma dieta pobre neste tipo de nutrientes.
"As proteínas de origem vegetal não têm uma digestibilidade tão grande como as proteínas animais. O que se aconselha são determinados métodos de confeção, como a fermentação e a moagem, para que as crianças consigam de facto absorver todos os aminoácidos essenciais", sugere a nutricionista que lembra que tem de haver complementaridade de proteínas nas dietas alimentares.
Não há nenhuma baliza temporal na hora de decidir adotar ou não um regime alimentar vegano ou vegetariano em idade pediátrica, sendo que é possível fazê-lo logo a partir dos quatro meses de acordo com os sinais de prontidão do bebé. "A partir dos quatro ou dos seis meses", refere a médica Joana Martins.
Porém, ainda antes da introdução alimentar, é necessária supervisão médica: "Se a mãe vegana não estiver a ser acompanhada e se estiver a dar de mamar, eu posso ter que saber qual é o estado de saúde da mãe para perceber até que ponto eu posso já ter défices e carências nutricionais no bebé", afirma a pediatra.
Neste episódio, o jornalista Nuno de Noronha falou ainda com as convidadas sobre as diferenças entre a dieta vegana e a dieta vegetariana, suplementação com ómega 3 e ferro, cuidados essenciais na adopção de regimes restritivos, principais desafios deste tipo de alimentação e a necessidade de supervisão profissional ao longo da fase de crescimento da criança.
O terceiro episódio do Podcast "O importante é ter saúde" do SAPO Lifestyle, sobre "Dietas especiais e suplementos alimentares", pode ser ouvido no Spotify.
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