“Os doentes só podem estar no topo das prioridades das políticas de saúde. Para tal, é imprescindível que doentes e as associações que os representam e promovem os seus direitos sejam reconhecidos como verdadeiros parceiros nas políticas de saúde ou com implicações na saúde”, disse na Convenção Nacional da Saúde a presidente da plataforma que reúne 52 associações de doentes.
Para Maria do Rosário Zincke, as políticas “a criar e a implementar” devem ser apartidárias e baseadas em estratégias de longo prazo definidas mediante consensos conseguidos entre os vários atores.
Assim sendo, anunciou, “as associações de doentes, cada vez mais unidas e cúmplices na prossecução dos seus objetivos comuns, propõem-se lançar hoje, sob a forma de recomendações, o Plano Integrados Doenças Crónicas e Raras que integrará a Agenda da Saúde para a década".
Maria do Rosário Zincke salientou ainda como “muito positivo, e garante de sucesso” o espaço que tem sido reconhecido às associações de doentes em representação das pessoas, principalmente das que vivem com doença crónica ou rara.
As doenças crónicas representam cerda de 86% de todas as mortes na União Europeia e cerca de 80% dos custos dos sistemas de saúde, elucidou. Já as doenças raras poderão atingir em Portugal cerca de 6% da população.
“O impacto psicológico, social e económico de umas e outras na vida de cada um, na sociedade, na economia, não pode ser ignorado e deverá ser mesmo agarrado como o grande desafio a abraçar desde já e nos próximos anos”, defendeu a presidente da plataforma.
Questionada à margem da Convenção Nacional da Saúde sobre o que falta fazer para colocar cada vez mais os cidadãos no centro do debate, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que “falta fazer muitas coisas”.
“Eu penso que é inequívoco, quando se olha para a agenda do Ministério da Saúde e dos vários ministros da Saúde, perceber que o tempo que despendemos em questões relacionadas com a organização das profissões, com a introdução de novas tecnologias, com a avaliação de preços, com a discussão sobre o financiamento, é inequivocamente superior àquele que despendemos a discutir com os doentes, a saber as suas preferências, as suas prioridades”, disse Marta Temido.
A ministra explicou que esta sua observação, que é simultaneamente “um exercício de autocrítica”, a leva a dizer que é preciso inverter esta situação.
“No meu caso, isso será feito com um esforço consecutivo até ao final desta legislatura de manter uma maior proximidade com as associações de doentes”, sublinhou Marta Temido.
No encontro, o presidente da comissão organizadora da Convenção Nacional da Saúde, Eurico Castro Alves, salientou que a convenção “é hoje um movimento alinhado com os anseios dos cidadãos, um movimento que dá voz aos cidadãos e aos portugueses”.
“A nossa ambição principal consiste em reunir o máximo de informação quanto ao sentir dos utentes e profissionais de saúde e transformá-la num instrumento útil para todos aqueles que, num futuro próximo, venham a ter a responsabilidade da decisão política”, disse.
Para Eurico Castro Alves, “este é o tempo de ouvir o cidadão e o doente. Este é o tempo de criar uma Agenda da Saúde para o Cidadão”.
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