
Segundo o relatório, que se baseia em estudos nacionais e internacionais, mais de metade dos anos perdidos por incapacidades provocadas por doenças não transmissíveis em Moçambique ocorre antes dos 40 anos.
"O relatório permite concluir que as DNT são um problema de saúde pública, que ameaça a sustentabilidade do sistema nacional de saúde em Moçambique e compromete o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável", refere o documento.
As DNT, prossegue o documento, representam um terço da carga de doenças no país e os traumatismos representam cerca de 6%.
"Estes números representam um aumento de 18% em relação a 2010 e de 45%, se compararmos com dados do ano de 2000", lê-se no documento.
Mais diabetes e mais hipertensão
Em relação à diabetes, entre 2005 e 2015, registou-se um aumento, de 2,6 vezes na prevalência, de 2,8% para 7,4%, indica o relatório.
Quanto ao cancro, ocorreram em 2012 cerca de 22 mil novos casos e 17 mil mortes, tendo os cancros do colo do útero e da mama representado, juntos, cerca de 50% de todos os cancros da mulher.
Entre 2005 e 2015, houve uma tendência crescente da prevalência de hipertensão arterial em Moçambique, de 33% para 39%, nas pessoas com idades compreendidas entre 25 e 64 anos.
Por outro lado, mais de nove milhões de pessoas são afetadas por alguma forma de transtorno mental ou abuso de substâncias, mais frequentemente cefaleia crónica, enxaqueca e transtorno depressivo maior.
Estima-se em 3,7 milhões o número de traumatizados em 2015, tendo resultado em mais de 19 mil mortes .
"Os fatores de risco para doenças crónicas têm aumentado e afetam pessoas jovens, resultando em elevada incapacidade e mortalidade precoce", assinala o Relatório Nacional de 2018 sobre Doenças Crónicas e Não Transmissíveis do MISAU.
Os segmentos mais desfavorecidos são atingidos de forma desproporcional, acrescenta o estudo.
Os pesquisadores defendem a necessidade de aumento da disponibilidade, acesso e qualidade do diagnóstico e provisão de cuidados de saúde na área de doenças crónicas, sobretudo nas regiões distantes dos grandes centros urbanos.
Falando no lançamento do relatório, a ministra da Saúde de Moçambique, Nazira Abdula, defendeu a necessidade de canalização de mais recursos para a prevenção e controle de doenças não transmissíveis e traumas, como condição para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
"Estes males constituem causa de perpetuação da pobreza por afectarem desproporcionalmente as populações mais desfavorecidas, serem causa de perda significativa de dias de trabalho, e provocarem despesas avultadas nas famílias e comunidades", destacou Nazira Abdula.
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