"Na aldeia de Toutosa o cancro bateu à porta de 20% da população", lia-se no Jornal de Notícias de 22 de novembro. "Cancro arrasa aldeia com 600 habitantes", dizia no dia seguinte a edição online do Correio da Manhã. "Se o cancro fosse um verbo, dir-se-ia que se conjugava vezes de mais em Toutosa" era o título da reportagem publicada no site da Visão a 18 de Fevereiro, recorda o jornal Público.

Estes são os sintomas de cancro mais ignorados pelos portugueses
Estes são os sintomas de cancro mais ignorados pelos portugueses
Ver artigo

Vários os órgãos de comunicação noticiaram o aumento extraordinário dos casos de doença oncológica em duas aldeias do Norte do país, uma no Marco de Canaveses, outra em Vila do Conde. No entanto, as autoridades da saúde portugueses investigaram e concluíram que em nenhum dos casos houve um surto de neoplasias (tumores) malignas.

No relatório, a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte concluem que não há nenhum aumento do número de casos de cancro naquelas regiões, nem na mortalidade

Em Vila do Conde, não há um tipo de tumor predominante. A DGS salientam apenas que, ao comparar com o resto do país, aumentou a mortalidade associada aos tumores do estômago, o que é "já conhecido em toda a região Norte e atribuído a hábitos alimentares".

Aumento de 3% ao ano

10 alimentos que aumentam o risco de cancro
10 alimentos que aumentam o risco de cancro
Ver artigo

Ao longo dos últimos anos, temos assistido, à semelhança do que se passa no resto da Europa, a um aumento regular da incidência do cancro no nosso país, a uma taxa constante de aproximadamente 3% ao ano. Este aumento resulta do envelhecimento da população, fruto do aumento da taxa de sucesso no tratamento tanto do cancro como de outras patologias aumentando a probabilidade do aparecimento de novas neoplasias.

Aliados a estes factos, estão também presentes modificações dos estilos de vida, com impacto significativo na incidência de
cancro.

"É uma realidade que fatores ambientais podem levar a um aumento de doenças oncológicas, havendo vários exemplos paradigmáticos deste fenómeno. Os casos mais conhecidos estão relacionados com a exposição a radiações ionizantes, como foram os casos das populações de Hiroshima e de Nagasaki, durante a II Guerra Mundial, ou mais recentemente de Chernobyl ou de Fukushima por exposição a acidentes nucleares", lê-se ainda no relatório.

"Em Portugal destaca-se a exposição dos mineiros da Urgeiriça ou da população tratada com radioterapia no surto de Tinha", recorda o documento.