De acordo com o trabalho desenvolvido pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da DGS, em conjunto com a Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (ISAMB-FMUL), e cujos resultados serão hoje apresentados, a escolha de produtos saudáveis aumenta três a cinco vezes com este tipo de sistemas.

Os autores dizem ainda que tal sistema de rotulagem deve ser “único e consensual para os cidadãos, peritos e stakeholders” e adaptável aos produtos comercializados em Portugal.

Sublinham também que a adoção de um sistema de rotulagem nutricional único deve ser acompanhada de “um programa de educação alimentar” que promova o conhecimento acerca desse sistema e o seu correto uso.

O estudo reconhece igualmente a necessidade de “prever e implementar uma estratégia de monitorização” do impacto desta medida.

“Em Portugal, não existe ainda qualquer recomendação por parte do Estado no sentido de adotar um modelo específico de rotulagem nutricional simplificada”, mas vários operadores económicos no mercado nacional “têm vindo a adotar e utilizar diferentes sistemas de rotulagem simplificada”, refere o documento, a que a Lusa teve acesso.

Esta proliferação de sistemas num mesmo espaço geográfico, acrescentam os autores deste trabalho, “pode dificultar ou até confundir os consumidores no momento da sua escolha”.

“A evidência científica mostra que os consumidores têm dificuldade em interpretar a informação nutricional obrigatória que está presente nos rótulos dos produtos alimentares”, refere a DGS, sublinhando que “foram observadas dificuldades na interpretação desta informação em cerca de 40% dos inquiridos”.

A utilização de modelos de rotulagem nutricional simplificativos, nomeadamente usando cores ou símbolos, “é considerada uma das melhores opções para promover escolhas alimentares saudáveis e, consequentemente, para a prevenção e controlo das doenças crónicas na população”, recorda a DGS.

O estudo, conduzido com o apoio técnico da Organização Mundial da Saúde, avaliou diferentes sistemas de rotulagem nutricional interpretativos, nomeadamente quanto à sua capacidade de contribuírem para escolhas alimentares mais informadas e saudáveis.

“Apesar do sistema do semáforo nutricional, que é já utilizado parcialmente em Portugal, ter sido aquele onde se verificou uma maior percentagem de participantes a selecionar a opção correta, não se verificaram diferenças com significado estatístico entre os diferentes sistemas de rotulagem nutricional simplificada”, acrescenta.

Consideram ainda os autores deste trabalho, na sua tomada de decisão, o Governo português deve considerar os sistemas de rotulagem nutricional simplificativos já adotados em Portugal, “mas também os sistemas que estão a ser adotados por outros países, nomeadamente naqueles que apresentam relações comerciais relevantes com Portugal”.

Ao longo deste estudo, os representantes do setor da indústria alimentar “mostraram preocupação face aos custos e à logística” inerentes à implementação de um sistema de rotulagem nutricional simplificativo, considerando “relevante o envolvimento do setor nos processos de reflexão e decisão sobre qualquer política” a este respeito.