Segundo a acusação do Ministério Público, a que a agência Lusa teve acesso, o grupo era composto por dez pessoas que foram acusadas de vários furtos qualificados e de associação criminosa, crimes cometidos durante cinco anos em vários hospitais, públicos e privados do norte e sul do país.

Seis dos arguidos têm paradeiro desconhecido e têm mandados de detenção europeus e internacionais ativos, um está detido preventivamente em Portugal e os outros três estão em prisão preventiva ou a cumprir penas de cadeia na Alemanha resultantes de outros processos-crime.

O MP concluiu que os arguidos pertencem a uma associação criminosa internacional que se dedicava ao furto de aparelhos médicos, nomeadamente laringoscópicos, broncoscópios, gastroscospios, duodenoscópicos e colonoscópios e que lesaram várias unidades hospitalares em cerca de 760 mil euros.

Na acusação, o Ministério Público fala numa “estrutura altamente organizada" e composta maioritariamente por cidadãos colombianos que se dedicava ao furto de material médico de elevado valor e precisão, concretamente de endoscópios e colonoscópios em hospitais públicos e clínicas de saúde privadas.

Em Portugal, durante cinco anos, o grupo furtou dezenas de aparelhos médicos do Hospital CUF do Porto e de Belém, em Lisboa, do Hospital Barreiro-Montijo, do Hospital St.Louis e do Hospital Egas Moniz, ambos em Lisboa.

A ação criminosa desta rede não se circunscreveu a Portugal e, segundo a acusação, até 2019 os arguidos “terão praticado mais de 350 daquelas apropriações, o que fizeram, pelo menos, em 19 países da União Europeia, Suíça e Israel, tudo material médico de valor superior a 60 milhões de euros”.

As autoridades já têm referenciados “mais de 150 elementos desta estrutura organizada”.

Os aparelhos médicos furtados eram expedidos por encomenda postal para a Colômbia para familiares e outros elementos da estrutura, sendo depois enviados para empresas na Colômbia e nos Estados Unidos que os revendiam em mercados paralelos para países da América Latina e outros, utilizando também plataformas de comércio 'online'.

O modo de ação desta organização, descreve a acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, passava por fazer deslocar até à Europa pequenos grupos de quatro a seis elementos, que depois de cometerem os crimes eram rapidamente substituídos por outros por terem sido identificados pelas autoridades dos países ou detidos.

“Esta referida estrutura era composta, pelo menos, por membros de seis famílias/grupos colombianos, mais concretamente os grupos “Gomez Martinez”, “Andrade Soriano”, “Salamanca”, “Lemos Angulo”, “Central Italiano” e “Grupo Grego”, contando, cada um deles, com dezenas de elementos”, lê-se na acusação.

O início do julgamento dos 10 arguidos está marcado para quinta-feira de manhã no Juízo Central Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, em Lisboa.